São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996 |
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Desemprego é o maior desafio para a UE
BETINA BERNARDES
Esses dados, os últimos publicados pelo Eurostat (Serviço de Estatística das Comunidades Européias), se referem a setembro. Durante a Semana do Emprego, realizada na semana passada em Bruxelas, a modernização do modelo social europeu foi a grande discussão. "Não se trata de uma escolha entre duas visões caricaturais que oporiam, de um lado, um modelo americano de trabalho pouco remunerado e precário e, de outro, o espectro do modelo europeu de desemprego elevado", diz Jacques Santer, presidente da Comissão Européia (órgão executivo da UE). "Também não se trata da escolha entre uma flexibilidade estimulada ao extremo e a esclerose dos direitos adquiridos. Se trata de responder às mudanças adaptando nosso modelo social", disse. "É uma situação grave que os países europeus devem abordar, principalmente porque é entre os jovens com menos de 25 anos que a taxa de desemprego é mais elevada e chega a atingir 25%", afirmou à Folha o economista Mark Keese, da Direção de Educação, Trabalho e Relações Sociais da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Mais ação A França, por exemplo, ganhou 27,7 mil desempregados em setembro, totalizando 3,112 milhões (12,6% da população ativa) -mais 0,9% em relação a agosto. "Há um problema de qualificação da mão-de-obra. É preciso haver mais ação na formação tecnológica, que não está adaptada às necessidades da indústria", diz Keese. Somente 7% dos desempregados da UE têm acesso a novas qualificações. Para os jovens, a falta de formação, aliada à inexperiência, é o passaporte de entrada no universo do desemprego. A flexibilização salarial é apontada pelo economista como uma alternativa. "Em países como a França, onde o salário mínimo é alto (cerca de US$ 1.000), os encargos sociais são muito importantes. Seria preciso um mínimo específico, menos elevado, para jovens sem muita qualificação e experiência. Seria um estímulo para que as empresas os empregassem." Outro incentivo, diz Keese, seriam subvenções a quem contratasse trabalhadores sem experiência. "No lugar de pagar abonos de desemprego, os empresários receberiam uma subvenção ao contratar desempregados", diz. A OCDE é cética em relação à eficiência da redução da jornada de trabalho, defendida tanto por sindicalistas quanto por governos como alternativa ao desemprego. "A diminuição global beneficiaria pessoas qualificadas, que ganham bem e aceitariam redução salarial, mas poderia haver o agravamento do problema social ao se reduzir o salário de quem já não ganha muito", diz Keese. Outra dificuldade viria, mais uma vez, da falta de qualificação. "Com a redução da jornada, haveria mais demanda por pessoas qualificadas, e a oferta é pequena. Isso inflacionaria os salários." Sindicalistas apontam as rígidas metas de convergência à moeda-única do Tratado de Maastricht como responsáveis pelo aumento do desemprego em países como França, Espanha e Alemanha. As mais importantes se referem a 97. O déficit orçamentário dos países deve ser de, no máximo, 3% do PIB, uma dívida pública abaixo de 60% do PIB e uma inflação anual de, no máximo, 3,1%. Texto Anterior: Empresa decide fazer roupas e tecidos para driblar a crise Próximo Texto: Benteler investe R$ 70 mi em Campinas Índice |
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