São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Programa não prioriza tributação

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Em setembro, foi lançada pelo Ipea, órgão ligado ao Ministério do Planejamento, a publicação "A Reforma Agrária no Brasil", inaugurando os "Cadernos Comunidade Solidária".
O livreto apresenta os sete pontos gerais de consenso alcançados na 9ª Reunião do Conselho da Comunidade Solidária, realizada em agosto em Brasília e coordenada por Ruth Cardoso. Nenhum dos pontos recomenda a "via fiscal" como forma de acelerar a reforma agrária.
Os sete pontos destacados pelo documento são: política de desenvolvimento rural, articulação estatal, estrutura burocrático-administrativa, recursos orçamentários e financeiros, arcabouço legal e processo judiciário, desenvolvimento nos assentamentos e parceria com a sociedade.
'Amplo debate'
O documento apenas acena, como parte dos encaminhamentos, para a "abertura de um amplo debate com a sociedade sobre uma nova sistemática para o ITR (Imposto Territorial Rural)".
O livreto, no entanto, não entra em detalhes nem coloca essa mudança de sistemática em primeiro plano.
Outro encaminhamento sugerido é a obtenção de terras em poder do Banco do Brasil por força da inadimplência dos grandes proprietários.
A reunião do Comunidade Solidária também chegou ao consenso de que é preciso descentralizar a reforma agrária, aspecto contemplado na proposta do Ministério da Reforma Agrária.
Assistência
Mas é na questão dos assentamentos que a Comunidade Solidária toca num ponto difícil: a assistência técnica e financeira aos assentados e o desenvolvimento de um novo modelo de extensão rural.
No passado, esse apoio foi monopólio do governo. Agora a idéia é abrir espaço para organizações não-governamentais (ONGs), cooperativas, associações de profissionais liberais e empresas privadas credenciadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
É uma proposta nova, de envolver o "terceiro setor" na reforma agrária e de fato "privatizar" parte da reforma agrária, que conta com a simpatia de técnicos do próprio ministério.

Texto Anterior: Estado teria participação
Próximo Texto: País corre risco de blecaute, diz presidente da Siemens
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.