São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Atlanta-96 ainda tem dívidas, mais de cem dias após seu final

Comitês olímpicos cobram dinheiro dos organizadores

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Exatos 105 dias após o encerramento da Olimpíada de Atlanta, os organizadores ainda são lembrados de que devem dinheiro.
Representantes dos comitês olímpicos do mundo todo, reunidos em Cancún (México), na última semana, durante congresso, aproveitaram para cobrar o que havia sido depositado como fiança antes do início dos Jogos nos EUA.
Há casos como o do Comitê Olímpico de Angola, que deve receber US$ 69 mil, e cujos representantes afirmam estarem sendo pressionados pelo governo, imprensa e federações de seu país a darem explicações.
"(Os organizadores) Devem dinheiro a todos", diz o mexicano Mário Vásquez Raña, presidente da ACNO (Assembléia Geral dos Comitês Olímpicos Nacionais).
Durante o discurso de Charlie Battle, representante do Acog (Comitê Organizador dos Jogos), vários presentes o interromperam para cobrar o dinheiro e reclamar da organização do evento.
Battle apenas admitiu que foram cometidos vários erros na cidade da Geórgia durante os Jogos.
Dólares a mais
Segundo os organizadores, as contas de Atlanta-96 devem ser fechadas nos primeiros meses de 97.
O presidente do Acog, Billy Payne, outrora todo-poderoso dos Jogos, disse esperar que as contas se encerrem com equilíbrio financeiro ou com um "pequeno lucro".
"Teremos cumprido nosso objetivo se conseguirmos equilibrar as contas. Mas ficaremos encantados se conseguirmos alguns dólares a mais", disse Payne.
Antes de comemorar, os organizadores terão outras dívidas a quitar, além das que estão sendo cobrada pelos comitês olímpicos.
Somente com a conversão do estádio Olímpico de Atlanta em um estádio de beisebol deverão ser gastos US$ 5 milhões.
Menos otimista, o diretor-geral do Comitê Olímpico Internacional, François Carrard, diz que "espera o balanço final para poder fazer uma verdadeira análise".
A pergunta que vários membros do COI fazem, agora, é quem pagará a conta caso não se alcance, no mínimo, o equilíbrio.
Essa preocupação faz sentido, principalmente pelo fato de que os Jogos de Atlanta-96 foram financiados pela iniciativa privada.
Payne exalta o fato de a Olimpíada ter dado de "presente" à cidade uma infra-estrutura de esportes e serviços, segundo ele, avaliada em US$ 500 milhões.
Comercialização
Antes dos Jogos, a previsão era de que custariam US$ 1,7 bilhão. Esse orçamento acabou "estourando", indo a US$ 2 bilhões.
A arrecadação também foi gigantesca. Somente com patrocinadores, direitos de televisionamento e venda de ingressos foi amealhado US$ 1,7 bilhão. Foram comercializadas 8,6 milhões de entradas para as competições.
Por tudo isso, não faltaram acusações de "excesso de comercialização da Olimpíada".
Um dirigente europeu fez questão de ressaltar em, que Atlanta-96, foi criado um ambiente com base no excesso de comercialização "barato e de mau gosto."
Payne, no entanto, parece não se incomodar muito com essa crítica, tanto que planeja a construção de um museu da Olimpíada de Atlanta-96. "Será um projeto modesto", afirma Payne, sem se referir às dívidas pendentes da organização.

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