São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Mudança no ar

SÍLVIO LANCELLOTTI

O suíço Joseph Blatter, secretário-geral da Fifa, escolheu a cidade de Bonn, ex-capital da Alemanha Ocidental, para liberar a primeira declaração oficial a respeito da organização da Copa de 2002.
Tradução literal: "Não existe mais nenhum sentido em negar. O Japão vai hospedar a decisão da competição. Evidentemente, na outra nação encarregada do torneio, a Coréia do Sul, será jogada a partida de abertura."
A frase de Blatter, aparentemente, soterra todas as especulações de plantão que indicavam um confronto insolúvel nas negociações entre Coréia do Sul e Japão.
Aparentemente. Especialistas nos bastidores da Fifa, todavia, ainda imaginam que muita confusão esteja para acontecer.
Caso de Sérgio De Cesari, setorista de "La Gazzetta dello Sport" na entidade e integrante do seu comitê especial, apelidado "Task Force".
Para De Cesari, existe "algo de clamoroso no ar".
De fato, por que Blatter reformou a sua posição de dez dias atrás, quando prometia um segredo absoluto nas posições da Fifa até a reunião do seu Executivo, na primeira semana de dezembro?
E por que Blatter escolheu a neutralidade de Bonn para admitir o que a imprensa já havia publicado?
Na verdade, a cartolagem da Europa fantasia a impossibilidade de um acordo formal da Coréia do Sul com o Japão.
À espera de um impasse, por falta de sintonia entre os governos rivais dos dois países, o Velho Continente se mantém incrivelmente de tocaia, prestes a promover uma revolução.
A Europa ostenta 7 dos 21 membros do Executivo da Fifa. Basta que consiga cooptar quatro votos da América do Sul (quatro integrantes) ou da Concacaf (três) para virar a mesa, tirar a Copa de 2002 da Ásia e entregá-la ou à Alemanha ou à Inglaterra, prontinhas para topar a missão.

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