São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Trânsito altera o zoneamento de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Conciliar o crescimento urbano com qualidade de vida é um dos desafios das grandes cidades neste fim de século. O problema fica um pouco mais complicado quando o "ditador" do crescimento é o tráfego de automóveis.
No caso de São Paulo, a falta de um Plano Diretor agrava a situação. Por isso, moradores, ruas e bairros residenciais acabam se tornando agentes coadjuvantes no processo de desenvolvimento da cidade, e passam a servir ao interesse do fluxo de veículos.
Restam aos moradores alguns (poucos) mecanismos de defesa (veja texto nesta página), como os bolsões residenciais de São Paulo.
"Os bolsões são a salvação da cidade, que está sendo destruída pelo uso intenso do automóvel", diz Cândido Malta, 60, arquiteto e secretário municipal do Planejamento da São Paulo entre 76 e 81.
Hoje, se uma rua residencial precisar servir ao fluxo do trânsito, fatalmente servirá. Com isso, os moradores perdem espaço e a tendência é de o local se transformar numa zona comercial -o que nem sempre é permitido pela lei.
Transformação
"Às vezes a alteração de fluxo de uma rua prejudica toda sua vizinhança", diz o arquiteto Eduardo Della Manna, 39, que também é diretor de legislação urbana do Secovi-SP (sindicato que reúne imobiliárias e construtoras).
Della Manna cita como exemplo a rua Groenlândia, nos Jardins (zona oeste de SP). O fluxo intenso de carros tirou da região seu caráter exclusivamente residencial, como manda a Lei de Zoneamento.
"Deve haver uma hierarquização de vias", diz a urbanista Regina Monteiro, 40. Hierarquizar, no caso, é definir a função de cada rua, e com isso preservar os bairros. Já Cândido Malta acha que é preciso um planejamento que possibilite a convivência com o automóvel. "Ou ele destrói a convivência entre as pessoas."

LEIA MAIS sobre mudanças no zoneamento na pág. 7-3

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