São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Reclusão cerca ex-chefes militares

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

O general Jorge Rafael Videla, 70, só sai de sua casa uma vez por semana, para ir à missa junto com sua mulher e um segurança.
Videla, que foi presidente entre 1976 e 1981, tem vida reservada e não concede entrevista, mas não se nega a ser fotografado enquanto comunga em uma igreja do bairro portenho de Palermo.
Mesmo estilo adota o general Leopoldo Galtieri, 69, presidente que decidiu a invasão das ilhas Malvinas, em 1982. Está bem longe daquele que, durante a luta com o Reino Unido, saía ao balcão da Casa Rosada (a sede do governo argentino) para discursar para uma praça de Mayo lotada.
Hoje, dedica-se à jardinagem em sua casa localizada em Villa Devoto, subúrbio de Buenos Aires.
Entre suas atividades, estão os passeios com os netos e as idas à igreja do bairro.
O almirante Emilio Massera, 70, membro da primeira junta militar que sucedeu a Isabel Perón, é o mais ativo entre os líderes do último regime militar.
Nesse momento, finaliza um livro em que deixará suas memórias, no qual defende a luta contra os movimentos de esquerda, que, segundo as organizações de direitos humanos, matou cerca de 30 mil pessoas.
Massera ainda encontra tempo para jogar o "paddle", modalidade que mistura tênis e squash.
Outro recluso é o general Carlos Suárez Mason, chefe do Exército na Província de Buenos Aires entre 1976 e 1979. Hoje, vive de pensão. Não é mais o comandante acusado de ter se envolvido em 635 delitos, entre eles 39 homicídios.
Na sexta-feira, saindo de um tribunal em que depusera sobre sua defesa dos métodos de tortura, ele atropelou um grupo de jornalistas.
Ele também é conselheiro do Argentinos Juniors, clube famoso por ter revelado Diego Maradona, mas que está na segunda divisão do campeonato argentino.
Alfredo Astiz, 45, apelidado de "o anjo loiro da morte", continua sua carreira nas Forças Armadas.
Ele atuou durante os chamados "anos de chumbo" na Escola de Mecânica Armada, principal centro de detenção e execução.
Já o general Antonio Bussi, interventor de Tucumán na época, é agora o governador eleito na mesma Província do norte do país.
Bussi comandou a repressão a guerrilha rural criada pela guerrilha ERP (Exército Revolucionário do Povo). Este ano, foi eleito pelo voto popular.
(RB)

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