São Paulo, domingo, 17 de novembro de 1996
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Firmenich quer recriar peronismo

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Após ver frustrada sua vida de empresário e sua tentativa de imigrar para a Noruega, o ex-montonero Mario Eduardo Firmenich, 48, voltou à política, liderando uma corrente de opinião para criar o que ele julga ser "o peronismo do século 21".
"Herdamos um movimento cujo fundador (o presidente Juan Domingo Perón) teve a audácia de pensar na década de 40 uma doutrina para os seguintes 50 anos. Nós agora tratamos de prever os próximos 50 anos", disse em discurso há 20 dias.
Firmenich, que acaba de se formar em economia, acrescentou à prédica montonera vários conceitos aprendidos no seu curso universitário.
Fala em inserção mundial, globalização, competitividade e desemprego estrutural em meio à liturgia que mistura citações bíblicas, Juan Domingo Perón, Evita e Ernesto "Che" Guevara.
O neoperonismo seria uma opção ao que Mario Firmenich chama de "fundamentalismo do mercado".
"O mercado sem Estado nunca existiu em toda a história do mundo", afirma, justificando o refortalecimento do setor estatal, algo bem ao gosto peronista -mas fora de moda no governo do peronista Carlos Menem.
Fugas e prisões
Fundador em 1969 do grupo Montoneros, Firmenich comandou durante dez anos a organização.
Ele saiu da Argentina em 1976 e, três anos depois, liderou do exterior o último ataque, com o resultado de uma centena de guerrilheiros mortos.
Entre 1980 e 85, esteve exilado em Cuba e em vários países europeus. Quatro anos depois, seria detido no Brasil e extraditado para a Argentina, então já redemocratizada.
Ficou preso até final de 1990, quando recebeu indulto do presidente Carlos Menem, no mesmo decreto de anistia aos líderes do governo militar que Firmenich enfrentou.
Saindo da prisão, começou os estudos de economia (já era formado em direito) e tentou se estabelecer como pequeno empresário.
Primeiro, montou uma mercearia, que fechou. Depois, entrou na venda e compra de carros, mas logo deixou esse negócio. O último fracasso empresarial do ex-guerrilheiro veio com uma criação de codornas.
(RB)

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