São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
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'Blitz' falha e Corinthians fica só na esperança

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Quem solicitar, naquela caixa eletrônica de imagens, o extrato do jogo de sábado entre Corinthians e Goiás, terá uma resposta falsa: os dois magníficos gols nem de longe representam o futebol exibido.
É bem verdade que o Goiás, até sofrer o empate, praticou um jogo veloz, hábil e envolvente, desde que a bola caísse aos pés de Alex, Dill ou esse menino que promete um belo futuro -Lúcio. Por sinal, foi dele o primeiro gol da partida: um lance -relance, melhor seria- de extrema habilidade, numa exata combinação de reflexos rápidos e domínio de bola. Foi assim: bola rasteira na área, sob pressão do zagueiro Henrique, Lúcio aplicou aquele drible típico de futebol de salão, em dois palmos de terreno, seguido do toque na saída do goleiro Maurício.
Bem que Nelsinho quis imprimir, desde o início, uma "blitz" sobre o adversário, ao escalar apenas um cabeça-de-área -Marcelinho Souza, que, na verdade, nem é tão leão-de-chácara assim. O resto, do meio-campo para a frente, era composto de armadores e atacantes. Mas a falta de entendimento entre todos superou o instinto, e o Corinthians só foi adquirir certa agressividade depois da entrada de Neto, no segundo tempo.
E, aí, deu-se o outro grande momento do jogo: a falta, cobrada com régua e compasso, que atingiu em cheio o coração da Fiel. Afinal, lá estava o velho Neto de guerra em campo. Menos, embora Neto tenha já dado sinais nesse jogo de que poderá, em breve, voltar ao trono corintiano.
No fim, restou o desalento pela classificação que, de impossível pela incúria dos dirigentes, chegou a ficar viável, para voltar a ser apenas uma esperança.
*
Depois do jogo, Marcelinho, aos microfones das rádios, não sabia dimensionar o tamanho do estrago causado pela intempestiva atitude de Souza, que, na véspera, ao saber que ficaria na reserva, abandonou a concentração, à socapa.
Dono de talento incomum com a bola no pé esquerdo, Souza padece de um mal genético nos canhotos mágicos: falta de combatividade e longos períodos de alheamento.
Sabendo disso, Nelsinho nem sequer pedia que ele participasse ativamente da marcação. Ao técnico, bastava que Souza se apresentasse mais ao jogo, se movimentasse, se demarcasse, para receber a bola que ele arredondaria com o dom que a natureza lhe deu. Nem isso.
Pelo visto, as noites vão ficar mais curtas para Souza, como ficaram para tantos e tantos craques que não souberam se equilibrar entre os prazeres e os deveres do futebol moderno.
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E eis o tricolor de Muricy cavando o túnel que poderá levá-lo ao que parecia impossível no tempo de Parreira. A vitória sobre o Bragantino foi aflitiva, menos pela fragilidade da defesa tricolor e mais por duas falhas individuais de Serginho e Zetti.
Não fosse isso, e o São Paulo poderia ter obtido um placar estelar, no sábado. Sobretudo, porque Serginho varava o lado direito da defesa de Bragança como uma flecha ao vento.
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Um forte abraço no Pelé. Por Dondinho.

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