São Paulo, segunda-feira, 18 de novembro de 1996
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Loach hesita entre documentário e ficção

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

São essas paixões e adesões que "Terra e Liberdade" tenta retratar, em roteiro que hesita entre o documentário didático e a história de ficção. Trata-se do caso do jovem inglês Dave Carr (Ian Hart), ligado ao Partido Comunista da Grã-Bretanha, que decide partir para a Espanha como voluntário na luta contra os nacionalistas de Franco.
O filme, estruturado em flashback, começa com a morte de Carr, de um ataque cardíaco na velhice. Depois de sua morte, sua neta vai descobrindo, entre papéis e fotos do avô, a participação dele na revolução espanhola. A ação volta-se, então, para 1936, quando de sua decisão de ir para a Espanha.
O diretor Ken Loach ("Sombras de Um Passado", "Riff-Raff") parece interessado em mergulhar em um de seus temas prediletos: a alma do trabalhador inglês. Mas seu protagonista Carr não tem estofo suficiente para sustentar tal ambição.
Personagem ralo, se dissolve na trama também superficial, que acaba por reproduzir os clichês dos filmes políticos: dos discursos ideológicos das milícias revolucionárias aos casos de amor entre combatentes. Tudo sem a menor emoção, por um erro de cálculo, ao que parece, que faz o filme permanecer na hesitação entre a ficção e o documentário.
Nem mesmo o lado didático se salva. No filme, a divisão interna do movimento revolucionário -entre stalinistas e membros do Partido Revolucionário dos Trabalhadores- se confunde com as discussões sobre a coletivização da terra e os rompimentos amorosos entre combatentes.
Surpreendentemente, o filme de Loach foi bem premiado quando de seu lançamento. Em Cannes 95 recebeu o prêmio da crítica internacional e do júri ecumênico. Também nesse ano, ganhou o prêmio alemão Felix de melhor filme europeu.

Vídeo: Terra e Liberdade
Produção: Inglaterra, 109 min.
Direção: Ken Loach
Elenco: Ian Hart e Rosana Pastor
Lançamento: Mundial (011/536-0677)

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