São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Desenho é encantador

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O desenho animado "A Guerra dos Dálmatas" (1961) é uma das obras-primas dos estúdios Disney. O maior desejo de todas crianças que se divertiram com ele nos últimos 35 anos é que o filme não estrague o encanto. Pela indicação dos trailers, não irá.
Os dálmatas foram uma das últimas produções realizadas sob a supervisão pessoal de Disney. Nos últimos anos de sua vida, ele se dedicou à construção da Disneyworld na Flórida e deixou os desenhos sob os cuidados de discípulos.
Tudo é convencional e previsível. Os cachorros humanizados, a bandida impiedosa (seu nome, Cruella de Vil, é genial), os heróis idealistas, o romance ingênuo, as sequências de perseguição, o final feliz. Mas tudo é encantador.
Em particular, é claro, os cachorrinhos, os grandes astros do desenho. Os fãs de Disney podem achar que "A Guerra dos Dálmatas" não se compara a clássicos como "Pinóquio".
Mas o fato de ele ter sido ambientado num período histórico mais contemporâneo e a falta do ar pretensioso e pedagógico que quase toda grande história infantil carrega lhe dão um charme especial.
A história é contada sob a perspectiva de Pongo (voz do subestimado Rod Taylor, da série de TV "Hong Kong"), o dálmata de um bonachão e distraído compositor musical.
Pongo acha que a vida dos dois precisa de um pouco de ordem e resolve ajudar seu dono a arrumar uma namorada. É bem-sucedido, e ele próprio encontra sua cara-metade.
Os dois casais estão felizes, com a chegada dos 15 filhotes de Pongo, quando aparece a tenebrosa Cruela de Vil, amiga de infância da agora mulher do compositor. A vilã quer comprar os cachorrinhos porque pretende fazer um casaco com a pele de uma centena de filhotes de dálmatas.
Inconformada com a negativa da ex-amiga, que se recusa a vender qualquer um dos animais, a inclemente Cruela os sequestra com o auxílio de dois atrapalhados cúmplices.
Pongo parte para o resgate da ninhada, com o auxílio de animais que se comunicam pelo país e, após idas e vindas (inclusive com a participação da TV, que hipnotiza os bandidos enquanto os cachorrinhos escapam), todos os 15, mais 86 novos amiguinhos, passam a viver, em grande alegria, com o compositor e a mulher.
A música (de George Bruns), jazzística, é ótima, em especial o tema de Cruella de Vil. A direção, de Wolfgang Reitherman, habilidosa e segura.
Os críticos de Disney sempre vão achar bons motivos para desconfiar de mensagens ideológicas sub-reptícias. Mas, neste caso, é difícil. "A Guerra dos Dálmatas" é pura diversão.
As crianças se enchem de ternura pelos cachorrinhos, ficam indignadas com a calhordice de Cruela, rolam de rir com as trapalhadas dos gangsters.
O desenho sobrevive há duas gerações e, se o filme guardar um pouco do seu astral, vai ter sucesso garantido.

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