São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996 |
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Desenho é encantador
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Os dálmatas foram uma das últimas produções realizadas sob a supervisão pessoal de Disney. Nos últimos anos de sua vida, ele se dedicou à construção da Disneyworld na Flórida e deixou os desenhos sob os cuidados de discípulos. Tudo é convencional e previsível. Os cachorros humanizados, a bandida impiedosa (seu nome, Cruella de Vil, é genial), os heróis idealistas, o romance ingênuo, as sequências de perseguição, o final feliz. Mas tudo é encantador. Em particular, é claro, os cachorrinhos, os grandes astros do desenho. Os fãs de Disney podem achar que "A Guerra dos Dálmatas" não se compara a clássicos como "Pinóquio". Mas o fato de ele ter sido ambientado num período histórico mais contemporâneo e a falta do ar pretensioso e pedagógico que quase toda grande história infantil carrega lhe dão um charme especial. A história é contada sob a perspectiva de Pongo (voz do subestimado Rod Taylor, da série de TV "Hong Kong"), o dálmata de um bonachão e distraído compositor musical. Pongo acha que a vida dos dois precisa de um pouco de ordem e resolve ajudar seu dono a arrumar uma namorada. É bem-sucedido, e ele próprio encontra sua cara-metade. Os dois casais estão felizes, com a chegada dos 15 filhotes de Pongo, quando aparece a tenebrosa Cruela de Vil, amiga de infância da agora mulher do compositor. A vilã quer comprar os cachorrinhos porque pretende fazer um casaco com a pele de uma centena de filhotes de dálmatas. Inconformada com a negativa da ex-amiga, que se recusa a vender qualquer um dos animais, a inclemente Cruela os sequestra com o auxílio de dois atrapalhados cúmplices. Pongo parte para o resgate da ninhada, com o auxílio de animais que se comunicam pelo país e, após idas e vindas (inclusive com a participação da TV, que hipnotiza os bandidos enquanto os cachorrinhos escapam), todos os 15, mais 86 novos amiguinhos, passam a viver, em grande alegria, com o compositor e a mulher. A música (de George Bruns), jazzística, é ótima, em especial o tema de Cruella de Vil. A direção, de Wolfgang Reitherman, habilidosa e segura. Os críticos de Disney sempre vão achar bons motivos para desconfiar de mensagens ideológicas sub-reptícias. Mas, neste caso, é difícil. "A Guerra dos Dálmatas" é pura diversão. As crianças se enchem de ternura pelos cachorrinhos, ficam indignadas com a calhordice de Cruela, rolam de rir com as trapalhadas dos gangsters. O desenho sobrevive há duas gerações e, se o filme guardar um pouco do seu astral, vai ter sucesso garantido. Texto Anterior: Close dá vida à malvada Malvina Cruela Próximo Texto: Produção nacional monopoliza premiação do 11º VideoBrasil Índice |
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