São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996 |
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SP pode receber Banespa de volta em 97
GUSTAVO PATÚ; SÔNIA MOSSRI
O Banespa pode acabar sendo devolvido ao governo paulista no final do próximo ano, após passar 12 meses federalizado. Essa possibilidade já é discutida entre os representantes da equipe econômica e do governador de São Paulo, Mário Covas, na negociação para o acordo do Banespa, prestes a ser fechado. Pelo acordo, o banco paulista seria transferido ao controle da União. Seria contratada uma empresa -um banco, por exemplo- para comandar temporariamente o Banespa e fazer um estudo sobre sua viabilidade econômica. Teoricamente, ao final de 12 meses, o governo federal iniciaria a privatização do banco, alternativa defendida pela equipe econômica. Aí começam os problemas: além de desagradar ao governador Mário Covas e a 99% dos políticos paulistas, a privatização do Banespa é uma operação tecnicamente complicada. Os depósitos mensais de cerca de R$ 1,8 bilhão recebidos mensalmente do Estado são o maior atrativo do banco paulista. Um eventual comprador do Banespa precisaria saber se poderia contar sempre com esses depósitos depois que o banco deixasse de ser estatal. Covas até pode se comprometer a manter os depósitos no banco, mas é impossível prever o que farão os próximos governadores. Meio-termo Segundo a Folha apurou junto a políticos de São Paulo e técnicos que acompanham as negociações, a hipótese de devolução futura do Banespa ao Estado foi sugerida ao governo federal, que preferiu deixar a possibilidade em aberto. Ou seja: o acordo não formalizará nada nesse sentido e o futuro do Banespa, para todos os efeitos, será definido pela análise técnica a ser contratada no próximo ano pelo governo federal. Mas, na leitura de líderes governistas, o fato de a proposta não ter sido descartada mostra que a área econômica a encara como uma alternativa pragmática. Por esse raciocínio, a devolução do Banespa, provavelmente com seu porte já reduzido, seria uma alternativa entre a privatização -se esta for mesmo inviável- e a manutenção do banco como uma instituição federal, a pior das hipóteses para o Ministério da Fazenda e o Banco Central. Hoje, já existem seis bancos federais: Banco do Brasil, CEF (Caixa Econômica Federal), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), BNB (Banco do Nordeste do Brasil), Basa (Banco da Amazônia) e Meridional. Meridional Este último foi resultado da federalização do Sulbrasileiro, determinada pelo Congresso em 1985. Até hoje o governo federal tenta viabilizar a venda do banco, mas sofre oposição da bancada gaúcha no Congresso. Para que o Banespa não tenha o mesmo fim, o governo pode aceitar a solução intermediária de devolvê-lo a São Paulo, definindo regras que pudessem tornar mais profissional a gestão do banco. Texto Anterior: Diretor indicado do BC defende mudanças Próximo Texto: Grupo chileno paga ágio de 30% pela Cerj Índice |
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