São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Empresa não consegue cumprir contrato

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Falta vacina porque uma sucessão de ocorrências atrasou a escolha do fornecedor, diz Edmundo Juarez, presidente da Fundação Nacional da Saúde.
Entre outros incidentes, o dono da empresa brasileira que venceu a licitação, a Sainel, foi assassinado três semanas depois de ganhar a disputa. A empresa não conseguiu entregar o produto.
A novela começou em 2 de abril deste ano, quando a Fundação Nacional da Saúde abriu os envelopes da licitação da vacina tríplice.
O menor preço, R$ 0,057, era oferecido pela Sainel, empresa brasileira que representava um consórcio formado por um laboratório estatal chinês, o Xangai Institute, e seu representante em Miami (EUA), a MD2.
Segundo informação do próprio Juarez, a empresa MD2 é registrada na cidade norte-americana como sendo um bar e restaurante.
Com base no critério do menor preço, o consórcio sino-americano ganhou a licitação para fornecimento de 15 milhões de doses.
O Serum Institute, da Suíça, e o Indian Institute, da Índia, segundo e terceiro colocados, ofereciam a dose de vacina a R$ 0,080 e R$ 0,085, respectivamente.
Juarez acha que os problemas foram um acidente de percurso. "Mesmo desconfiando da empresa de Miami, não podia colocá-la para fora da licitação. A lei não me permite isso, porque ela ofereceu o menor preço", diz.
Cronograma
Pelo cronograma, as vacinas chinesas deveriam chegar ao Brasil entre maio e junho deste ano.
Nesse período, a fundação pediu doses de vacina chinesa para testar, recebeu só 20 unidades, pediu mais e não foi atendida.
Só em 9 de setembro, após o laboratório informar que não teria condições de atender o pedido brasileiro, a empresa vencedora foi desclassificada.
Os laboratórios que ficaram em segundo e terceiro lugar na licitação assumiram o fornecimento.
Resultado: as vacinas foram entregues em outubro, quatro meses após o esperado.
Os Estados deveriam ter recebido as doses em julho (elas chegariam em junho e levariam um mês para serem testadas), mas só devem recebê-las neste mês.
Assassinato misterioso
Juarez afirma que essa demora foi provocada pela complicação que é escolher o segundo e o terceiro colocados de uma licitação.
Contribuiu também, diz, o assassinato de Alcides José Peres, dono da empresa vencedora.
Peres levou seis tiros de dois homens no dia 24 de abril deste ano. O empresário era conhecido como um especialista em vencer concorrências na Saúde. A polícia ainda não solucionou o crime.
(MCC)

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