São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Câmara aprova IR das empresas para 1997

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O projeto do governo que muda as regras de cobrança do IRPJ (Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas) foi aprovado ontem pela Câmara, mas com uma série de alterações que reduzem as expectativas de maior arrecadação.
O governo não conseguiu elevar o imposto das empresas de factoring (que compram faturamento futuro cobrando juros). A intenção era que essas empresas recolhessem a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) pela alíquota de 18% -o percentual dos bancos-, e não de 8%.
"Empresa de factoring não é banco. A medida encareceria o crédito dos pequenos comerciantes que trocam seus pré-datados", disse o deputado Roberto Brant (PSDB-MG), relator do projeto.
O aumento da tributação sobre fundos de investimentos de renda variável (que incluem ações) também foi vetado pelo relator. O governo pretendia aumentar a alíquota de 10% para 15%, como nos fundos de renda fixa.
Brant alegou que a elevação prejudicaria, principalmente, os pequenos investidores. "O ganho que a Receita teria com isso seria muito pequeno", afirmou.
Tíquetes
Outro artigo suprimido é o que permitia o pagamento do auxílio-alimentação em dinheiro e limitava a R$ 100 por empregado o valor a ser deduzido do Imposto de Renda da empresa como despesa mensal em alimentação.
O artigo foi bombardeado pelo lobby das empresas que comercializam tíquetes. O relator disse que decidiu suprimi-lo por temer a divisão da base governista -o PFL já havia avisado que votaria contra.
Para diminuir ainda mais as resistências ao projeto, Brant inseriu um artigo que proíbe a Receita Federal de encaminhar representação penal contra sonegadores ao Ministério Público antes de concluir o respectivo inquérito administrativo.
Como a tramitação dos inquéritos costuma demorar anos, os sonegadores poderiam escapar das ações penais -os crimes fiscais prescrevem em cinco anos.
"Não podemos levar um caso à Justiça antes de comprovar, na esfera administrativa, que efetivamente houve sonegação. A Receita será obrigada a agilizar os inquéritos", disse Brant.

LEIA MAIS sobre IRPJ na pág. 2-6

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