São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Nasce o boom da literatura sobre o futebol

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, corria uma lenda, várias vezes repetida nesta coluna, versando que a literatura sobre o futebol no Brasil, apesar da boa qualidade, era reduzida.
Pois bem, corria.
Por que, agora, finalmente, inicia-se um verdadeiro e bom boom da bola no mercado editorial brasileiro.
Nas minhas viagens, eu olhava com ciúme e com inveja as estantes sobre futebol nas livrarias de Londres, de Madri e de Barcelona, lugares onde há grande oferta de literatura futebolística de qualidade.
Mesmo em Buenos Aires, a tradição livresca no futebol era maior do que no Brasil.
Agora, finalmente, o panorama começa a mudar. Um time de futebol em títulos de livros sobre este esporte foi ou está sendo lançado neste momento.
Em uma contabilidade rápida (desculpas antecipadas pelas omissões involuntárias), poderíamos começar citando os dois livros com depoimentos de dois cracaços da seleção de 1982, a do meu coração, o do Zico, novo campeão no Japão, e o do Falcão, agora comentarista da rede Globo.
(Daquela geração, acho que está faltando o livro do doutor Sócrates, que, certamente, teria um ponto de vista mais político e sociológico).
Depois, pulo para as três belas edições sobre o "trio de ferro" do futebol paulista, com direito a goleada de ilustrações, lançadas pela DBA. São os livros do Alberto Helena Jr. sobre o Palmeiras, do Ignácio de Loyola Brandão sobre o São Paulo (reeditado) e do Juca Kfouri, como não poderia deixar de ser, sobre o seu eterno Corinthians.
Pela FTD, saiu a "Breve História do Futebol Brasileiro", do José Sebastião Witter, professor de história na Universidade de São Paulo.
A Irradiação Cultural está colocando em campo o livro "Dos Pés à Cabeça - Elementos Básicos de Sociologia do Futebol", de Mauricio Murad, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (o livro, entre outras coisas, faz um interessante apanhado da literatura sobre o futebol no Brasil).
Preparando-se para deixar a concentração, em formato de moderna enciclopédia, recheado de firulas gráficas, está "O Almanaque do Futebol Brasileiro", do tarado profissional por futebol Marco Aurélio Klein e do Sérgio Alfredo Audinino (editora Escala).
No mesmo espírito, dois meninos aqui da Folha, o André Fontenelle e o Valmir Storti, dão retoques finais nos originais do "A História do Campeonato Paulista", ainda sem previsão de lançamento.
Uma boa notícia é que a biografia do João Saldanha, escrita pelo João Máximo, mal foi lançada pela Relume Damará e já está na segunda edição (aliás, taí uma ótima ocasião para o relançamento das crônicas do próprio Saldanha).
Tudo isso, somado ao retorno às livrarias do "Estrela Solitária", a biografia do Garrincha escrita pelo Ruy Castro (Companhia das Letras), mostra um emergente boom dos livros sobre futebol no Brasil.
Para fechar com gol de ouro, o Luiz Schwarcz anuncia, em livro com outros artigos, os textos de Décio de Almeida Prado sobre futebol.
Chegamos à idade do futebol letrado. Já era tempo.

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