São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996 |
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Ceará promete duplicar leitos de UTI para bebês em 24 horas
PAULO MOTA
Segundo Torgan, a medida foi tomada como forma de "resolver emergencialmente" o problema de superlotação na UTI neonatal da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, na qual morreram 51 bebês desde o início de novembro. Torgan afirmou ainda que não sabe quanto vão custar os novos leitos em UTI, mas criou uma comissão com "autonomia financeira" para viabilizá-las "a qualquer custo". Ele declarou que a verba sairá de um fundo de emergência do governo cearense. Adaptações A subsecretária da Saúde do Ceará, Francisca Tati Andrade, declarou que as novas UTIs serão criadas a partir de adaptações realizadas na UTIs de médio risco e baixo risco já existentes. Ela disse ainda que o governo cearense resolveu criar 31 leitos em UTIs neonatais a partir de um estudo que revelou que a demanda de Fortaleza é de 65 leitos em UTIs, em vez dos 34 atuais. Torgan declarou que a comissão terá também o papel de discutir uma estratégia para resolver o problema a médio prazo e deverá envolver também a Prefeitura de Fortaleza e o Ministério da Saúde. Ação civil O procurador da República no Ceará, Francisco Macedo, disse ontem que vai entrar na próxima segunda-feira com uma ação civil pública obrigando todos os hospitais de Fortaleza a atender os casos de partos, mesmo os de alto risco. Macedo afirmou que a ação se baseia no Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê a obrigatoriedade do atendimento médico a bebês. Ele disse que não sabe qual a pena prevista para os infratores. O procurador disse que vai incentivar a população a denunciar os hospitais que estão se recusando a atender pacientes, o que contribui para a superlotação na Maternidade Assis Chateaubriand. O presidente do Sindicato dos Hospitais do Ceará, Sebastião Fernandes, declarou que cumprirá a determinação de Macedo, desde que fique claro quem vai pagar as despesas dos hospitais. Segundo Fernandes, os hospitais particulares cobram de R$ 150 a R$ 250 pela diária de um paciente internado numa UTI neonatal, mas a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) prevê um pagamento de apenas R$ 30 pela mesma diária. "A tabela paga tão pouco que todos os hospitais de Fortaleza que tinham convênio com o SUS resolveram fechar suas UTIs. O prejuízo era enorme", disse Fernandes. Texto Anterior: UTIs do ES não têm vaga Próximo Texto: Roraima dá nova versão sobre mortes Índice |
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