São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996 |
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FHC quer investir em Angola e atrair capitais da África do Sul
GABRIELA WOLTHERS
FHC chega a Angola acompanhado de uma comitiva de empresários interessados em investir num país em ruínas e que precisa reconstruir sua infra-estrutura. Empreiteiras como Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, cujos representantes integram a comitiva, têm interesse na construção de represas, estradas, habitações e exploração mineral. Como forma de mostrar "boa vontade" com os angolanos, o Brasil doará US$ 200 mil ao governo do presidente José Eduardo dos Santos, para serem utilizados no Programa de Reabilitação Comunitária e Reconciliação Nacional. Outro setor que desperta a atenção dos brasileiros é o petrolífero. A Braspetro, subsidiária da Petrobrás, está em Angola desde 79. O país produz cerca de 700 mil barris/dia. O petróleo é utilizado até mesmo para saldar a dívida de US$ 426 milhões que Angola tem com o Brasil. Desde 95, quando foi feito o escalonamento da dívida, a ex-colônia portuguesa entrega, como forma de pagamento, uma produção de cerca de 20 mil barris/dia ao governo brasileiro. Em setembro de 95, desembarcaram em Angola 1.130 militares e policiais brasileiros, que integram a Unavem-3 (Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola). FHC gastará boa parte da viagem para visitar a tropa do Brasil, em Kuito, centro-leste de Angola. Sua intenção é agradar a um setor que vem reclamando mais atenção, principalmente com relação a verbas -as Forças Armadas. Na política externa, FHC pretende deixar claro que está mais do que na hora de o MPLA (Movimento Popular para Libertação de Angola), o partido no poder, e a Unita (União Nacional para Independência Total de Angola), a guerrilha de oposição, chegarem a um acordo que de fato traga a paz. FHC deixa Angola amanhã à noite, partindo para uma viagem de três dias à África do Sul, país que responde por 40% da produção industrial do continente africano. No país que ficou conhecido pelo regime do apartheid e que desde 94 é presidido por Nelson Mandela, as prioridades de FHC se invertem. Ele quer aumentar os investimentos sul-africanos no Brasil -hoje atingem US$ 1 bilhão. Para isso, enfatizará seu discurso a favor das privatizações, principalmente a da Vale do Rio Doce. Na África do Sul, estão as principais mineradoras do mundo, como a Anglo-American e a Gemco. Texto Anterior: Como usar um jornal Próximo Texto: O roteiro do presidente na África Índice |
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