São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996 |
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Rio une ideal olímpico e cidadania Agenda social ganha espaço MÁRIO MAGALHÃES
A agenda é um documento que estabelece cinco metas, até 2004: 1) Ninguém morando na rua; 2) Todas as crianças bem alimentadas; 3) Urbanização das 608 favelas (882.667 habitantes); 4) Educação de qualidade para os jovens; 5) Acesso amplo ao esporte. A agenda propõe "transformar a prática do esporte, de privilégio de alguns, em direito de todos". Aderiram a ela vários setores sociais, como a Federação das Indústrias do Rio e as federações das associações de moradores de bairros (Famerj) e favelas (Faferj). Há apoios como os do grupo Surfistas de Cristo e da Federação de Luta de Braço do Estado do Rio. A agenda defende associar a preparação para a Olimpíada à elevação da qualidade de vida na cidade. "É a nossa grande chance de lutar contra a miséria", disse o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, presidente do Ibase, uma das ONGs que promovem a Agenda. Na semana passada ele criticou o Comitê Rio 2004 por, na sua opinião, secundarizar a agenda social. Betinho aponta o projeto da Mangueira como a "prova dos nove" da agenda social, ao mostrar que é possível combater a miséria e desenvolver socialmente a cidade. Mesmo antes da escolha da sede dos Jogos, alguns itens da agenda começam a ser implementados -a Prefeitura do Rio começou na semana passada a encaminhar moradores das ruas para casas. O antropólogo Rubem César Fernandes, coordenador do movimento Viva Rio, considera a agenda social "o coração da candidatura olímpica". "O Rio nunca teve um projeto, um sonho de longo prazo. Até de um ano para o outro, os planos parecem distantes." Unindo a campanha do Comitê Rio 2004 e a agenda social, o Viva Rio promoveu uma "Olimpíada" no complexo de 15 favelas da Maré (zona norte), da qual participaram cerca de 3.000 jovens. Antes, um seminário no local conquistou adesões à chamada agenda ambiental -há projetos de saneamento da Maré, vizinha do futuro Parque Olímpico Universitário, no Fundão. "O sentido essencial dos Jogos aqui é a agenda social", disse Betinho. "A cidade está fraturada entre asfalto e favela (ricos e pobres). A nossa força é mostrar a diferença do projeto. Olimpíada e agenda social são iniciativas compatíveis." "A cidade terá uma infra-estrutura de lazer e teremos de formar recursos humanos. Há uma integração", disse o coordenador do Rio 2004, Luiz Martins de Melo. Texto Anterior: Ambientalistas lançam alerta contra 'catástrofe' Próximo Texto: Projeto de integração da Mangueira vira modelo Índice |
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