São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Mestrado on line conquista engenheiros

ANDRÉ LOZANO
FERNANDO ROSSETTI

ANDRÉ LOZANO; FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Profissional com microcomputador ligado à Internet faz aperfeiçoamento no próprio local de trabalho

Começam a chegar ao Brasil as universidades virtuais. Cursos técnicos, de pós-graduação ou de aprimoramento de professores já são oferecidos pela Internet, via satélite ou por vídeo para grupos de alunos a quilômetros de distância das universidades.
É a nova concepção de ensino a distância. Os cursos, abertos, podem ser feitos por qualquer pessoa que tenha um microcomputador ligado à Internet ou oferecidos a profissionais de empresas.
Profissionais realizam curso de pós-graduação em seu próprio ambiente de trabalho, sem ter de interromper sua carreira para concluir a especialização profissional em outra cidade, Estado ou país.
É o caso, por exemplo, do mestrado em engenharia de produção oferecido on line pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) a engenheiros da empresa Equitel, em Curitiba (PR).
O curso é realizado por videoconferência -uma câmera filma o professor dando aula em Florianópolis, e as imagens são transmitidas ao vivo para o grupo de alunos na empresa, em Curitiba (veja quadro ao lado). Os estudantes fazem suas perguntas em tempo real.
Em março do próximo ano, a UFSC vai estender seu mestrado de gestão da qualidade e produtividade para seis universidades catarinenses, informa Ricardo Miranda Barcia, coordenador do Programa de Pós-Graduação da universidade virtual da UFSC.
"Mas a concepção mundial da universidade aberta é mais abrangente do que cursos virtuais de pós-graduação. Ela representa a segunda oportunidade para quem não conseguiu cursar a universidade convencional. É a universidade da segunda chance", diz o coordenador da Escola do Futuro da USP (Universidade de São Paulo), Fredric Michael Litto.
"Hoje a universidade tem de ir até o aluno e não o contrário", afirma a canadense Linda Harasim, coordenadora do Virtual-U, primeiro programa de cursos universitários oferecidos via Internet.
Legislação
A legislação no Brasil ainda não prevê esse tipo de ensino. Mas a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -a LDB, uma espécie de constituição da área- já trata do assunto. Está em tramitação final no Congresso.
Desde 95, algumas universidades estrangeiras tentam entrar no país via ensino a distância.
Para evitar que isso ocorra sem controle de qualidade, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, baixou portaria em março obrigando que qualquer curso a distância oferecido por instituição estrangeira, mesmo que vinculada a uma brasileira, deve passar pelos mecanismos já existentes de credenciamento de cursos.
O Conselho Nacional de Educação está discutindo atualmente uma regulamentação para a área (leia texto na próxima página).
O ensino a distância já está atingindo também as crianças. A Escola do Futuro desenvolve programas de ciências que plugam estudantes de 1º e 2º grau de vários Estados brasileiros e de outros países. Os dados das experiências são transmitidos pela Internet e interpretados pelas diferentes escolas.
Dezenas de escolas brasileiras também já estão montando suas páginas na rede mundial de computadores. Mas, por enquanto, essas páginas funcionam mais como uma apresentação da escola do que como meio didático.
O desenvolvimento do ensino aberto no Brasil levou à criação, há um ano, da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), que já catalogou 42 universidades, empresas e instituições que praticam o novo modelo pedagógico.

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