São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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USP promove intercâmbio entre os estudantes

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 3.000 alunos, entre 8 e 17 anos, de diferentes Estados brasileiros já trocam informações entre si, via Internet, e também com estudantes dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Portugal sobre experiências que realizam em seus colégios ou sobre outros assuntos.
Esse intercâmbio de experiências pela rede mundial de computadores foi idealizado e é coordenado pela Escola do Futuro da USP (Universidade de São Paulo).
Essa escola investiga novas tecnologias em comunicação e informação e as aplica na educação.
O ensino de ciências, humanidades, literatura e música é transmitido pela Internet a 30 escolas brasileiras e estrangeiras.
"A Internet derrubou as paredes das salas de aula e globalizou a educação. Hoje um aluno brasileiro do 1º grau pode trocar informações sobre a independência do Brasil com o seu colega português. Os estudantes vêem os dois lados da história", disse o coordenador científico da Escola do Futuro da USP, Fredric Michael Litto.
Na área de ciências, a Escola do Futuro tem cinco programas: ecologia das águas, energia solar, sky, plantas carnívoras e biogás.
Todos os dados e resultados dessas pesquisas são colocados na Internet para a troca de informações com outras escolas.
Ecologia
No projeto ecologia das águas, alunos trocam informações sobre a qualidade das águas de suas cidades. Eles colhem amostras em rios e fazem a análise química.
No energia solar, estudantes usam materiais simples, como faróis de carros (que funcionam como coletores de energia), para captar raios solares e aprender a produzir energia térmica.
Já o projeto Sky discute a inclinação da Terra e seus efeitos sobre o clima e as estações do ano. As crianças observam a sombra produzida por um bastão de um metro de comprimento. Anotam os dados e trocam informações com escolas do hemisfério oposto.
O programa plantas carnívoras estuda o crescimento e desenvolvimento de plantas do gênero Drosera. Os estudantes observam o desenvolvimento da planta.
Por último, o programa Biogás estuda o processo de digestão anaeróbia (sem oxigênio) de resíduos orgânicos -processo para o tratamento de lixo orgânico.
Praticidade
Alunos entre 8 e 10 anos do Instituto de Ensino Santo Ivo, conectados à Escola do Futuro da USP, dizem que aulas via Internet "são mais práticas".
"A aula pela Internet é melhor porque é mais prática", diz Rodrigo Gillon Santos de Araújo, 10.
"A gente sai da classe para aprender coisas práticas e depois colocar os dados na Internet", disse Luciana Raposo de Melo Moraes, 9, que participa do projeto Sky da Escola do Futuro.
"Um aluno do Paraná, da nossa idade, descobriu o projeto Plantas Carnívoras na Internet", disse Bruno de Almeida Pires, 8.
"Por esse projeto descobrimos que plantas carnívoras na verdade são insetívoras (se alimentam de insetos) e não comem gente", afirmou Victor Hirata, 8.

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