São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Economia pode receber mais R$ 16 bi

DA REDAÇÃO

A partir da próxima sexta-feira, quando vence o prazo para pagamento da primeira parcela do 13º salário, a economia começa a receber um volume extra de dinheiro que, neste ano, pode ser estimado em pelo menos R$ 16 bilhões.
As empresas privadas e públicas que formam o chamado mercado de trabalho formal, com funcionários registrados, vêm pagando R$ 11,9 bilhões em salários todo mês.
É a estimativa que pode ser feita em cima da arrecadação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Entre novembro e dezembro, se o comportamento do final de 95 se repetir, as folhas de pagamento dessas empresas devem crescer 64% só por conta do 13º. Em dinheiro, isso vai significar mais R$ 7,6 bilhões no bolso dos assalariados até o Natal.
Os gastos das empresas não dobram no final do ano porque parte do 13º é antecipada aos funcionários ao longo do ano, quando eles saem em férias.
Mas os R$ 7,6 bilhões representam apenas uma parcela do que a economia deve receber a mais.
Há os R$ 3 bilhões do 13º dos aposentados do INSS, R$ 1 bilhão do governo do Estado de São Paulo e algo em torno de R$ 1,4 bilhão na área federal, que antecipa metade do 13º no meio do ano.
Com o abono de Natal de milhões de funcionários públicos em todo o país, empregados domésticos e trabalhadores sem carteira assinada, é possível estimar em pelo menos R$ 16 bilhões o dinheiro extra que será injetado na economia com o 13º.
O impacto no consumo, entretanto, não será proporcional aos R$ 16 bilhões ou mais do 13º.
O grau de inadimplência é grande e não há como prever, segundo economistas, se os consumidores estarão dispostos a se endividar ainda mais.
"Boa parte do 13º será consumida no pagamento de dívidas", prevê o consultor Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, associação que reúne executivos de finanças.
Consumidores ouvidos pela Folha na última sexta-feira, no centro de São Paulo, confirmam que o 13º já tem destino certo: cobrir cheques pré-datados emitidos nos últimos meses.
Se sobrar algum para compras, é melhor evitar a via do crediário e optar pelo pagamento à vista, aconselha o matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho.

LEIA MAIS sobre 13º na pág. 2-4

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