São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Provão pode virar critério para seleção

Opiniões se dividem

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Exame Nacional de Cursos, famoso provão do MEC (Ministério da Educação), está ganhando status de um novo critério na hora de avaliar candidatos a emprego.
"Vai ser excelente para o mercado. Será mais um filtro para identificar os melhores", afirma Isaias Feigenson, 52, sócio da área de consultoria de RH (recursos humanos) da KPMG Peat Marwick.
Especialistas avaliam que é bem possível que estudantes com bom desempenho incluam espontaneamente o resultado no currículo.
Isso, segundo eles, provocaria uma reação em cadeia, fazendo com que outros fizessem o mesmo e que as empresas preferissem estudantes que divulguem a nota.
Só de ouvir esses argumentos, estudantes que são contra o provão têm frio na espinha.
"Entreguei a prova em branco e, se alguém perguntar, vou dizer que fiz isso porque não concordo com ela", diz Gabriela Malta, 23, formanda de engenharia civil da USP (Universidade de São Paulo).
"Nenhuma empresa decente vai usar o provão na seleção", diz Cristiane Ibrahim, 23, que também se forma em civil na USP.
Isso acontece em termos. As empresas, embora sem posição definida, já mostram disposição em saber como o estudante foi.
"Lógico que quem for bem tem o direito de mostrar, mas não acho que as empresas vão usar essa nota como único critério de seleção", diz Márcio Viegas Campos, 22, diretor do Centro de Engenharia Civil da USP, que fará a prova em 97.
"Não vai ser um fator preponderante, mas pode desempatar uma disputa", afirma Mauro Bueno, 43, da Bueno Advogados.
"Quando as avaliações das universidades forem divulgadas, vou orientar os selecionadores para eliminar currículos de algumas."
Na prática, as empresas já dão preferência às "faculdades de primeira linha", como as estaduais e alguns cursos particulares -administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas), por exemplo.
Algumas nem dão bola para a nota do aluno. "Para a gente, é irrelevante", diz Lígia Leite, 43, gerente de operações de RH da IBM.
Na opinião dela, quando o resultado da avaliação dos cursos sair, pode fazer diferença. "Nós procuramos pessoas direto nas faculdades, não individualmente."

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