São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Uma ciranda de críticas e autocríticas

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos aspectos mais interessantes do livro "Conversas com Economistas Brasileiros" é a oportunidade dada aos 13 entrevistados de reverem suas atuações no governo e de tecerem comentários e críticas a outros economistas. Parte da história recente do país é reconstituída por meio desses testemunhos, muito relevantes na medida em que todos -com a notável exceção de Eduardo Giannetti da Fonseca, não por acaso o mais jovem deles- passaram pelo governo e participaram ativamente de projetos políticos.
Com isso, acabou-se conseguindo relembrar episódios importantes da vida econômica do país nos últimos 40 anos, como o processo de substituição de importações iniciado na década de 70 e as várias tentativas de derrubar a inflação. Nas conversas com os três autores do livro, os economistas foram, em geral, mais diretos, mais pessoais do que em artigos ou em livros escritos por eles.
Os comentários dos 13 economistas acabam formando uma verdadeira teia de críticas e autocríticas. Celso Furtado critica Roberto Campos, que critica Delfim Netto, que critica Celso Furtado. Luiz Carlos Bresser Pereira critica Affonso Celso Pastore, que critica Delfim Netto, que foi também criticado por Eduardo Giannetti e André Lara Resende, e assim vai a ciranda dos economistas.
Num exercício raro de humildade, alguns dos entrevistados reconheceram erros de diagnóstico ou de implementação de políticas durante os períodos em que exerceram cargos no governo. José Marcio Rego, um dos entrevistadores e autores do livro, costuma comentar que economistas são ainda mais vaidosos que jornalistas, publicitários e até participantes de concursos de miss Brasil.
Leia nesta e na página ao lado alguns dos comentários dos economistas sobre eles mesmos e seus colegas.

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