São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996 |
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Pesquisadores da USP criam cadeira de rodas que escuta Equipe de SP desenvolve sistema que obedece a ordens faladas RODRIGO CASTRO
Cientistas da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade de São Paulo (USP) criaram um sistema que obedece a ordens faladas. O Spann Group ("Signal Processing and Artificial Neural Network research Group" -Grupo de Pesquisa em Processamento de Sinal e Redes Neurais Artificiais), coordenado por Euvaldo Cabral Junior, desenvolveu um sistema, o Voicechair ("cadeira de voz"), que permitirá ao usuário de uma cadeira de rodas controlá-la pela voz. O grupo procura verbas para a construção de um protótipo, ou Hopechair ("cadeira da esperança"). A cadeira poderá ser usada por deficientes físicos tetraplégicos. A voz A voz humana é um som complexo. Um som como o da vogal "a", por exemplo, apresenta de três a quatro frequências diferentes. Somem-se a essa complexidade os vários ruídos que envolvem as situações normais de uso. Um programa de computador convencional tem dificuldade para trabalhar com tal realidade. Quando compreendemos o discurso falado de alguém, reconhecemos nele certos padrões familiares, e não elementos específicos definidos. O reconhecimento dos sons, portanto, exige que o computador reconheça padrões, o que é possível com a utilização de modelos de programa chamados redes neurais artificiais (leia texto abaixo). O sistema O sistema desenvolvido permite que a cadeira obedeça a uma série limitada de comandos. Entre eles, "frente", "trás", "pare", "esquerda", "direita". O computador seria treinado para entender apenas o seu usuário. O som da voz é captado por um microfone comum, que o transforma em impulsos elétricos. Um conversor comercial de sinais, no caso do Voicechair um Soundblaster, transforma esses impulsos em código digital, que é o tipo de sinal com o qual os computadores trabalham, e remete-os ao pré-processador. O pré-processador, um programa de computador, faz ajustes no som. O mais importante: analisa os sinais, convertendo-os numa expressão matemática. O pré-processamento não retira do som quaisquer "impurezas". Os sinais pré-processados passam então pelo identificador, um programa de rede neural artificial (RNA), o Neuron Network Trace Segmentation, desenvolvido pelo Spann Group. O programa foi previamente "treinado" para identificar a palavra, mesmo que acompanhada de "barulhos". Identificada a palavra, o reconhecedor transfere-a para outro programa, capaz de comparar a palavra recebida com as existentes em seu banco de dados e compreender a ordem. Uma placa de controle, que comanda as rodas e o motor elétrico da cadeira, executa a ordem. Texto Anterior: 'Diagnóstico do último suspiro' Próximo Texto: RNA aceita 'barulho' Índice |
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