São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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SP decide hoje se volta a aplicar tríplice

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Secretaria estadual da Saúde de São Paulo deve decidir hoje se a vacina tríplice, cuja aplicação está suspensa desde o dia 19 de novembro em todo o Estado, volta a ser oferecida nos postos da rede pública de saúde.
A tríplice, ou DPT, é aplicada em crianças de dois meses a um ano e imuniza contra difteria, tétano e coqueluche.
Segundo Ricardo Oliva, coordenador da Vigilância Epidemiológica, às 18h de hoje termina o prazo para que os médicos que acompanham os casos de reação adversa verificados em crianças do Estado apresentem seu relatório. O resultado deve ser divulgado na sexta.
Se o acompanhamento das crianças mostrar que houve reações individualizadas, possivelmente provocadas por problema neurológico ou combinação com outro medicamento, a vacina voltará a ser aplicada imediatamente.
Se os relatórios levantarem suspeita sobre o produto -possibilidade de contaminação, por exemplo-, serão feitos exames para detectar a origem do problema.
Outros Estados
Desde o dia 20 de novembro, pelo menos oito Estados que não dispunham da tríplice receberam doses enviadas pela FNS (Fundação Nacional de Saúde). A maioria deles, porém, decidiu não aplicar a vacina, devido às reações provocadas em São Paulo.
É o caso de Bahia e Mato Grosso do Sul. Segundo Edmundo Juarez, presidente da FNS, não havia sido registrado nenhum caso de reação à DPT nesses Estados.
"As secretarias da Saúde estão receosas e afirmam que só vão começar a vacinação depois que os resultados dos exames ficarem prontos. Há Estados que ainda nem haviam recebido, mas nos informaram de que só iriam querer a vacina se ficasse comprovado que não havia nada de errado com ela", afirmou Juarez.
As vacinas suíças estão sendo analisadas pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. Os resultados só deverão ficar prontos em sete dias.
Falta nas clínicas particulares
Após mais de uma semana de suspensão da vacina em São Paulo, a tríplice ameaça desaparecer também das clínicas particulares.
Em algumas, houve aumento de mais de 100% na procura pela vacina após a suspensão.
A filial do laboratório francês Pasteur Merieux em São Paulo, responsável pelo fornecimento das vacinas às clínicas particulares, não tem estoques para atender aos novos pedidos.
Segundo o gerente comercial do laboratório, Osires Ramiro, 60, eram vendidas mensalmente 7.000 doses nos primeiros meses do ano. Em outubro, foram vendidas 20 mil doses e, neste mês, 24 mil doses já foram comercializadas.
Uma nova remessa da vacina com 52 mil doses, que chegaria nesta semana da França, está atrasada por causa da greve dos caminhoneiros franceses.
O preço médio da dose da vacina tríplice nas clínicas particulares de São Paulo é de R$ 30.

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