São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Caro é o desperdício

GIOVANNI GUIDO CERRI

Com a evolução tecnológica ocorrida na área do diagnóstico por imagem, que permitiu à população o acesso, por meio dos convênios ou do Sistema Único de Saúde, aos modernos equipamentos de ressonância magnética, tomografia computadorizada, ultra-sonografia e radiologia digital, esboça-se agora, em todo o país, um movimento de retração do seu uso, com a alegação simplista de que seus custos são elevados.
Os convênios, sempre preocupados com a lucratividade em detrimento da qualidade, e o SUS, carente de recursos, com argumentações diversas, tentam dificultar o acesso da população a tais métodos, hoje integrados à rotina da classe médica.
Os métodos de diagnóstico por imagem, na última década, abriram novos caminhos para a medicina. Principalmente para uma medicina de alto nível, preocupada realmente com o bem-estar do paciente.
Os métodos de imagem descortinam um universo para o clínico e para o cirurgião. Com a radiologia digital, aprimorou-se a acuidade visual das tradicionais chapas e o diagnóstico básico; o ultra-som é indispensável em gastroenterologia, no aparelho gênito-urinário e na área gineco-obstétrica. A tomografia computadorizada é utilizada no tórax, no abdômen, nos tumores e traumas. A ressonância magnética é fundamental para o sistema nervoso, coluna e lesões causadas pela prática esportiva.
Para acompanhar essa evolução, médicos e hospitais fazem pesados investimentos, buscando oferecer à população os recursos que até agora o governo não consegue atender com igual eficiência.
No passado, em muitos casos mais complexos, o cirurgião era obrigado a intervir no organismo para definir um diagnóstico. Hoje, com os métodos de imagem, esses caminhos foram abreviados, sempre em benefício da saúde do paciente. Nos casos de neurologia, a evolução é tanta que os métodos de imagem permitem ao médico não só diagnosticar como intervir e solucionar problemas sem uma cirurgia convencional.
Os métodos de imagem encurtam caminhos. Reduzem custos de cirurgias e internações, com intervenções mais objetivas e diagnóstico mais rápido. Levadas às últimas consequências, essas benfeitorias se traduzem em economia para hospitais e convênios.
É inegável que todo abuso é condenável. Há os excessos. Médicos que solicitam exames desnecessários, assim como, em alguns setores, o desperdício impera. Cabe aos serviços públicos ou privados disciplinar o seu uso. E assim acreditamos deva ocorrer com os exames na área do diagnóstico por imagem. Tecnologia não torna o diagnóstico mais caro. Caro é o desperdício.

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