São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996 |
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Rapaz leva tiro na testa dentro de escola
ANDRÉ LOZANO
Segundo o vigia do colégio, Ivanildo Barbosa dos Santos, 22, um grupo de rapazes se aproximou da sala de aula da 6ª série, no andar térreo, às 20h30, onde estudava Silva, e começou a bater na placa de metal que cobre dois terços da janela da classe e a jogar bolinhas de papel nos estudantes. O restante da janela é protegida por telas. "Os estudantes xingaram o grupo e pediram para que parasse de atrapalhar a aula", disse Santos, que é PM e foi contratado pela escola para fazer a segurança dos alunos no período diurno. Os cerca de 20 estudantes que estavam na sala no momento do crime faziam aula de português. Segundo alunos da classe de Silva, o grupo que estava importunando a aula teria dito que se os estudantes quisessem resolver o problema deveriam se aproximar da janela. "Silva se aproximou e acabou levando um tiro na testa", afirmou Santos. O rapaz que atirou teria aproximado o cano de revólver de uma fresta de um centímetro entre a placa de ferro e o peitoril da janela. O tiro foi disparado quando Silva tentava olhar o grupo. O rapaz caiu sangrando sobre uma carteira. Ele foi levado ao pronto-socorro Diadema e depois transferido ao hospital Heliópolis. Silva teve morte cerebral e sobrevive à base de aparelhos. A placa metálica impediu que os alunos vissem o grupo. A polícia ainda não localizou nenhum suspeito. Silva, além de estudar, trabalhava com o pai como pintor de parede. "Ele só ficou na aula porque precisava devolver um livro para a professora", disse Ivo da Silva, 17, irmão do rapaz baleado. Segundo Ivo, seu irmão e ele iriam jogar futebol na quadra da escola às 21h -meia hora depois do crime. "Estávamos participando de um campeonato", afirmou. "Não temos idéia do motivo do crime -foi uma estupidez. Os professores não tinham nenhuma reclamação em relação ao Vagner. Ele nunca deu problema", disse a diretora do colégio Leonor Quadros, Orlei Aparecida Souto. Ela reconhece a insegurança da escola. "Somos constantemente ameaçados por jovens querendo entrar na escola." Orlei não descarta as hipóteses de venda de drogas ou acerto de contas com alunos do colégio para a insistência de jovens em tentar entrar na escola. Ela disse que a escola é obrigada a deixar de investir no aprimoramento do ensino para comprar grades e portas de aço para as salas de aula. Alunos que não quiseram se identificar disseram que há estudantes que vão armados para o colégio. "O clima aqui é perigoso. É aquela coisa: olhou feio pode morrer", disse o vigia, que afirmou se sentir ameaçado por estudantes. Texto Anterior: Rio é condenado a indenizar estuprada Próximo Texto: Escola terá programa de segurança em 97 Índice |
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