São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Mata-mata é inadequado para o Brasileiro

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Campeonato Brasileiro, agora, está sendo decidido na base do mata-mata. Não é a melhor fórmula para uma competição com essa envergadura.
O Campeonato Brasileiro deveria, houvesse o respeito administrativo que o futebol merece, ser encarado como a principal competição do país.
O mais importante torneio de um país não pode ser definido na base do mata-mata.
O campeão do principal torneio do país precisa ser testado ao longo de uma competição ampla, para que não paire dúvida sobre a superioridade da equipe vencedora.
O sistema mata-mata nivela por baixo. Iguala coisas desiguais. Pune os times mais eficientes, em vez de estimulá-los.
O sistema mata-mata é admissível em torneios de curta duração, ou em torneios internacionais, pois é impossível reter clubes ou seleções por três ou quatro meses jogando fora do próprio país.
Mas este sistema não pode, filosoficamente, ser adotado na principal competição futebolística de um país.
Há o contra-argumento da NBA. Mas lá os playoffs são jogados em séries de cinco ou sete partidas, e não apenas em dois jogos. No mata-mata, fatores emocionais, pressão das torcidas e força física prevalecem sobre a técnica.
É injusto e errado.
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Mascotes de Copa do Mundo e de Olimpíada são, invariavelmente, cafonas e bobos.
Mas, taí, adorei o nome "Footix" para o galinho do Mundial da França, em 98.
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Rafael Moreno, da agência de notícias "Efe", informa que o futebol vive um boom econômico na República Tcheca.
Ele escreve que os clubes foram privatizados, e que os salários do jogadores são compatíveis com os dos melhores países do Ocidente.
Pequeno detalhe de nós dois: segundo o jornalista, os times foram privatizados. O Sparta de Praga foi vendido por US$ 32 milhões (isso mesmo, US$ 32 milhões!) para a empresa eslovaca Acerías -pelo menos esta é a versão espanhola do nome da empresa.
Além disso, há um empresário interessado em comprar toda a segunda divisão e transformá-la em uma espécie de NBA dos pés tchecos.
Se até na Republica Tcheca dá certo, por que não por aqui? Eu só queria entender.
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A Olimpíada do Rio, se houver, começa com um grande perdedor. O jornalismo.
Poucas vezes ele sentiu tanto prazer em ser servil, tanto orgulho em ser humilhado.
Thomas Bach, da tal da missão do COI, deve estar propondo uma premiação especial para a imprensa brasileira: a medalha de ouro na modalidade subserviência feliz.
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O grande Mauro Silva tornou-se cidadão espanhol. Não podemos nem sequer reclamar, pois o futebol por aqui...
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Na semana passada, Alessandro del Piero jogou, na Inglaterra, contra o Manchester United, e não contra o Porto, como lembram alguns leitores.

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