São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Coletânea reúne o melhor e o pior de Chaka Khan

CAMILO ROCHA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A coletânea "Epiphany: The Best of Chaka Khan Volume One" reúne os maiores sucessos de uma das vozes mais marcantes do pop negro. O disco traz ainda cinco faixas inéditas.
Chaka Khan nasceu nos Estados Unidos em 1953. Na adolescência trabalhou com a organização radical Panteras Negras, quando ganhou o apropriado nome africano de Chaka ("fogo").
Em 1972, formou o grupo Rufus, que arrebatou seis discos de ouro. Só que o Rufus era restrito demais para Chaka. Em 78 ela começou sua carreira solo.
As únicas faixas do período Rufus nesta coletânea são do LP ao vivo "Stompin' at the Savoy", gravado em 82 para cumprir exigências de contrato. "Ain't Nobody" e "Tell Me Something Good" dão uma ligeira idéia da locomotiva funk que era o Rufus com Chaka.
Mas isso é assunto para outra coletânea. O que interessa aqui é Chaka solo. Foi sozinha que ela explorou praticamente todo estilo conhecido de música negra (soul, jazz, disco, funk, hip hop, house), emplacou inúmeros hits e trabalhou com talentos formidáveis, de Stevie Wonder a Dizzy Gillespie.
"I'm Every Woman" foi seu primeiro sucesso solo. A classe dos arranjos é insuperável. Whitney Houston não conseguiu fazer mais que uma versão pálida quando a gravou para a trilha sonora de "O Guarda-Costas".
Sua discografia parece uma relação do hall da fama do pop negro. Arif Mardin, que produziu quase todos os seus álbuns solo, trabalhou com Aretha Franklin, Roberta Flack e inúmeros outros.
"Papillon" foi escrita pelo produtor disco cult Gregg Diamond e tem participação de Luther Vandross e Cissy Houston (famosa cantora gospel e mãe de Whitney) nos backings.
A vulcânica "I Feel for You" é composta por Prince e traz um rap de Melle Mel e a gaita de Stevie Wonder. "And the Melody Still Lingers On (Night in Tunisia)" conta com solos instrumentais de Dizzy Gillespie e George Benson.
As faixas inéditas ficam entre funks levinhos e baladas aguadas ("Your Love Is All I Know" poderia estar num disco de Celine Dion). As produções são datadas, comportadas demais. Não estão à altura do melhor de Chaka.
Uma compilação que pretenda abranger em um CD uma obra como a de Chaka está fadada a ter lacunas (cadê "Clouds", "Soul Talkin' ", "Eye to Eye"?). Mesmo assim, é indispensável como registro de uma voz e interpretação sem equivalentes.

Disco: Epiphany: The Best of Chaka Khan
Artista: Chaka Khan
Lançamento: Wea
Preço: R$ 18, em média

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