São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 1996
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Losey estuda dominação

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Às vezes dá para se perguntar por que Joseph Losey fazia parte da chamada "quadra de ases" dos frequentadores do cinema MacMahon, em Paris. Quando se vê, por exemplo, "A Sauna".
Outras vezes, a inclusão de Losey ao lado de Fritz Lang, Otto Preminger e Raoul Walsh é arquijustificável. É quando se vê, digamos, "O Criado" (Bravo Brasil, 12h e 20h).
Dirk Bogarde faz ali o criado insinuante que, pouco a pouco, e lançando mão de todos os instrumentos à sua disposição, dispõe-se a destruir seu patrão para dominá-lo.
Não existe uma motivação para que aja dessa forma. É assim porque é assim. Em princípio, cabe ao senhor dominar seu criado. É a lógica das coisas. Mas o mundo não se satisfaz com isso.
Se Joseph Losey realizou aqui sua obra-prima é, em grande parte, porque consegue transmitir para seu espectador toda a angústia contida na situação -e, mais, mostrá-la como caso exemplar, único e ao mesmo tempo universal.
E mais ainda. Enquanto mostra, Losey vai dissecando (com a ajuda do ótimo roteiro de Harold Pinter) os mecanismos de dominação humana. Se ao longo do filme pensamos que Bogarde faz um personagem perverso, ao final chega-se a uma conclusão alarmante: o humano é que é perverso.
(IA)

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