São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 1996
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Punhado de dólares

EDUARDO OHATA

Em junho, Larry Holmes nocauteou Anthony Willis em rede nacional de TV. Foi anunciado que aquela seria então a última apresentação do ex-campeão mundial dos pesados.
Foi reconfortante saber que o vovô (literalmente) Holmes estava, finalmente, deixando os ringues. Respiramos aliviados. Afinal, o velho campeão merecia se despedir com dignidade.
Para desapontamento geral, passados menos de seis meses de sua despedida, Holmes revela que voltará a lutar.
A data, o local e o adversário já estão definidos. Seu oponente será o dinamarquês Brian Nielsen, invicto em 30 lutas e "campeão mundial" pela irrelevante Organização Internacional de Boxe. O combate acontece no dia 24 de janeiro, em Copenhague, capital da Dinamarca. A bolsa de Holmes deverá superar US$ 1 milhão.
Mas a volta aos ringues pode se converter em um péssimo negócio para o veterano lutador.
Aos 47 anos, o ex-campeão se esquece do quanto está vulnerável. Holmes optou por ignorar os danos que uma eventual derrota poderá causa à sua reputação -e à sua saúde.
Mas também não é difícil entender sua decisão.
Passados alguns meses, a aposentadoria tornou-se cansativa. E o "assassino do leste" voltou novamente os seus olhos para o boxe.
Examinando os rankings mundiais, constatou que estão recheados de lutadores medíocres. Atletas que, sem nunca haver enfrentado adversários de peso, alcançaram posições privilegiadas. Como Crawford Grimsley, Vaughn Bean e Frans Botha, por exemplo.
Holmes provavelmente concluiu que esses pugilistas representam um risco mínimo e bolsas polpudas.
E decidiu retornar. A volta de Holmes resume-se num frase de um outro ex-campeão mundial, Muhammad Ali, também seu ex-mentor: "Um milhão de dólares não faz mal a ninguém".

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