São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Reabertura reaviva traumas das vítimas

DA REPORTAGEM LOCAL

A reabertura do Osasco Plaza Shopping, ontem, fez com que sobreviventes da explosão relembrassem o sofrimento por que passaram na tragédia.
O shopping reabriu às 10h e recebeu um público acima do esperado pela administração. Até as 16h, mais de 52 mil pessoas haviam passado pelo local.
Até o fechamento do shopping, às 22h, estimava-se que o total de visitantes chegasse a 70 mil. A administração previa receber até 15 mil pessoas. Antes da explosão, recebia 50 mil por dia. Apenas 60% das 200 lojas funcionaram.
"Me senti muito esquisito. Meu coração está até acelerado", afirmou o vendedor Fábio Aires Dias, 28, que fraturou as duas pernas na explosão. Ele participou da manifestação e entrou pela primeira vez no shopping depois do acidente.
A explosão aconteceu no dia 11 de junho e causou a morte de 42 pessoas. Ela foi causado por um vazamento de gás de cozinha nas tubulações que ficavam confinadas em um vão sem ventilação entre o solo e o piso do shopping.
Algumas pessoas chegaram a chorar quando entraram no local. Foi o caso de Mara Cristina Todesco, 16, que trabalhava em uma loja. Ela afirmou que perdeu vários amigos no acidente. "Quase desmaiei quando entrei."
O escriturário Paulo Sérgio da Silva, 37, que nunca mais havia ido a um shopping, resolveu dar uma passada no Osasco Plaza. "Vim para tirar o trauma."
No dia da explosão, Silva passava pela calçada e acabou resgatando dos escombros uma garota com fratura exposta na perna. "Me deu uma tremedeira quando entrei. Voltei a lembrar de novo tudo o que aconteceu."
A mesma sensação teve o soldado do Exército Denis Roberto Ferreira, 20, que ajudou a retirar alguns mortos. "Aquelas imagens voltaram à minha cabeça."
Um grupo de alunos da EEPSG Prof. José Liberati chegou a cantar algumas músicas do Legião Urbana dentro do shopping. "Vim tocar violão em homenagem às vítimas e acabou juntando o grupo", disse Anselmo Eugênio, 24.
Muitos estudantes da escola Ceneart, onde sete alunas morreram e oito ficaram feridas, também foram ao shopping.
"Todos foram lá mais por curiosidade, para ver como ficou", disse Berenice Martin dos Santos, diretora-substituta da escola. As alunas feridas, segundo ela, estão estudando em casa e não devem perder o ano letivo.

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