São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Viúva é inocentada de tramar assassinato

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Por quatro votos a três, os jurados do 3º Tribunal do Júri do Rio absolveram Jacqueline Carr Soares da acusação de ter mandado matar seu ex-marido, o empresário José Carlos Nogueira Diniz, para ficar com sua herança.
Ao ouvir em pé a sentença do juiz Murilo Kieling Pereira, ela chorou e teve um princípio de desmaio, sendo amparada por um policial. Em entrevista após o julgamento, disse que agora vai ter "uma vida normal de classe média".
Já separado de Jacqueline, com quem tinha três filhas, Diniz foi morto a tiros dentro do carro, em uma emboscada em uma rua da Barra da Tijuca (zona sul), em 89. Sua então namorada Lucimar Viana escapou com vida.
Pelo crime, foram condenados a 16 anos Paulo Sérgio Mollo Fonseca, ex-namorado de Jacqueline, e o informante da polícia Cláudio Silva. Os dois, que estão em liberdade condicional, não incriminaram Jacqueline.
O outro réu do processo, Manoel de Oliveira, o Manoelzinho, que deverá ser julgado no início do ano que vem, foi o único que acusou Jacqueline de ter tramado a morte do ex-marido.
No julgamento, que começou às 15h de quinta-feira e terminou no final da tarde de ontem, Manoelzinho disse em plenário que confirmava suas declarações anteriores, em que acusou Jacqueline.
O julgamento foi marcado por crises de choro de Jacqueline e de suas duas filhas mais velhas, as gêmeas Yasmin e Lilás, 14.
O promotor do caso, Marcelo Rocha Monteiro, acusou a defesa de ter explorado a presença das filhas no Tribunal.
Ele afirmou que a decisão do júri contrariou as provas dos autos e que irá recorrer da sentença ao Tribunal de Justiça, pedindo a anulação do julgamento.
O advogado de Jacqueline, Paulo Edmundo Lopes, procurou traçar o perfil de uma mulher arrasada por ter casado com um homem que vivia bêbado, tinha casos com mulheres de programas e teria um "desvio de comportamento sexual".
Para ele, Fonseca era um gigolô que exploraria Jacqueline e planejou a morte de Diniz porque sabia que ela herdaria seus bens.
O promotor reclamou que queriam julgar a vítima e apontou supostas infidelidades conjugais da acusada.
Depois de absolvida, Jacqueline chorou abraçada com as duas filhas e o atual marido, o detetive de polícia Vanivaldo Soares, com quem teve mais uma filha.
"Hoje eu sou uma nova mulher. Jacqueline Nogueira Diniz morreu. O que vocês vêem é Jacqueline Carr Soares", disse.
"Quero ser simples, colocar um chapéu de palha, um short, camiseta e cozinhar pra minha família".

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