São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Kandir prevê 'máquina de exportações'

MÁRIO MOREIRA

MÁRIO MAGALHÃES; MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Ministro anuncia novos incentivos ao setor e afirma que as consequências virão em seis ou sete meses

O ministro do Planejamento, Antonio Kandir, disse ontem no Rio que "a estrutura produtiva brasileira vai se transformar numa máquina de exportações".
Kandir fez a afirmação ao anunciar o pacote de estímulo à exportação no 16º Enaex (Encontro Nacional de Comércio Exterior). As medidas receberam o nome de Agenda Brasil Exportador.
O ministro disse acreditar que o déficit da balança comercial (diferença entre o que é importado e exportado) deve continuar elevado até o segundo trimestre de 1997.
Ele estima em "seis ou sete meses" o tempo necessário para que os incentivos surtam efeito. "Serão gerados investimentos. Por isso, num primeiro momento, há aumento das importações."
Déficit menor
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, que participou do encontro, disse que o déficit comercial de US$ 1,3 bilhão registrado em outubro não preocupa o governo.
"A balança comercial pode flutuar entre déficit e superávit, é normal", disse Malan, prevendo para novembro um déficit "muito menor" que o de outubro.
Malan afirmou que o governo vinha estudando mecanismos de estímulo às exportações havia "muito tempo". Questionado se o pacote tem relação com o déficit de outubro, declarou: "Digamos que é uma coincidência".
Incentivos
A Agenda Brasil Exportador prevê que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) passe a financiar até 100% do produto exportado, superando o atual limite de 85%.
Pela primeira vez, segundo Kandir, o Brasil vai financiar os importadores dos produtos brasileiros.
A garantia será dada por 48 bancos estrangeiros que vão repassar o financiamento ou pelas empresas exportadoras. Não há limite predeterminado para os recursos (veja quadro ao lado).
O presidente em exercício do BNDES, José Pio Borges, disse que o banco espera dobrar, em 97, o valor financiado para exportações.
Em 96, o total dos financiamentos deve chegar a US$ 500 milhões. O objetivo para este ano era US$ 1 bilhão. "Dificuldades operacionais" na concessão de crédito aos importadores estrangeiros derrubaram a previsão, segundo Borges.
Outra novidade divulgada ontem será a criação de "incubadoras de projetos de exportação", com as quais o governo desenvolverá tecnologia de produtos com potencial no mercado externo. Haverá uma nova linha de financiamento para obras especiais.
Kandir disse não temer dificuldades para o país obter financiamentos no exterior por causa do déficit na balança comercial.
Segundo Malan, o crescimento do volume importado ocorrido em outubro é explicado pelo aumento das importações relacionadas a investimentos.
O ministro da Fazenda disse que bens de capital, matérias-primas, bens intermediários e petróleo somaram 82% das importações no mês passado. Somente os bens de capital chegaram a 25% do total.

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