São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Kandir prevê "máquina de exportações"

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Planejamento, Antonio Kandir, disse ontem no Rio que "a estrutura produtiva brasileira vai se transformar numa máquina de exportações".
Kandir fez a afirmação ao anunciar o pacote de estímulo à exportação, no 16º Enaex (Encontro Nacional de Comércio Exterior). As medidas receberam o nome de Agenda Brasil Exportador.
O ministro disse acreditar que o déficit da balança comercial (diferença negativa entre o que é importado e exportado) deve continuar elevado até o segundo trimestre de 1997.
Ele estima em "seis ou sete meses" o tempo necessário para que apareçam as consequências dos novos incentivos.
"Quando se prepara o Brasil para exportar mais, são gerados investimentos. Por isso, num primeiro momento, há aumento das importações."
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai passar a financiar até 100% do produto exportado, superando o atual limite de 85%.
Pela primeira vez, de acordo com o ministro, o Brasil vai financiar o comprador de seus produtos.
A garantia será dada por instituições que vão repassar o financiamento ou pelas empresas exportadoras.
O ministro afirmou que não há limite predeterminado para recursos de financiamento.
A remuneração do BNDES, em caso de inexistência de agentes intermediários, cairá de 2% para 1% -sem contar a taxa básica do mercado de Londres (Libor).
O banco agora vai financiar também serviços, além de máquinas.
Projetos
Kandir apresentou o exemplo de máquinas para automação industrial. O financiamento hoje é só para a máquina, mas vai atingir também o software.
Outra novidade será a criação de "incubadoras de projetos de exportação", com as quais o governo vai desenvolver tecnologia de produtos com potencial no mercado internacional. A inspiração foi o projeto do Chile de exportação de salmão. "Quando o negócio se tornar rentável, será privatizado", disse Kandir.
Haverá uma nova linha de financiamento para obras consideradas especiais. A carência atual de 6 meses e o prazo de 8 anos para pagamento vão passar para 2 anos de carência e prazo de 12 anos.
"O principal instrumento para o crescimento da economia em 1997 será uma expansão vigorosa das exportações", afirmou.
Kandir disse não temer dificuldades para o país obter financiamentos no exterior por causa do déficit comercial.
O resultado negativo da balança deve ficar entre US$ 4,5 bilhões e US$ 5 bilhões em 1995, na estimativa de Maurício Assis, secretário de Produtos de Base do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo.
Além do pacote anunciado ontem, Kandir disse que o BNDES estuda uma linha de financiamento que incentive o crescimento da qualidade dos produtos e a formulação de agendas setoriais de exportação, detalhando a política do país em várias áreas do comércio.

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