São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Torta na cara tem gosto

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Blake Edwards é, possivelmente, o último grande cultor do humor burlesco. E "A Corrida do Século" (Warner, 17h30) talvez seja o último filme em que a comédia tipo pastelão foi capaz de se impor inteiramente.
Edwards usou para isso um artifício: remeteu a corrida para o início do século, época por excelência das comédias de torta na cara, e criou um quadro referencial coerente com o que se vê na tela.
Depois, muniu-se de atores em princípio mais indicados para um humor sutil, como Jack Lemmon, Tony Curtis e Natalie Wood.
Por fim, soube aproximar um tempo em que o relacionamento com a máquina era revestido de algum pânico (o início do século) e um momento (os 60) de plena crença nas virtudes regeneradoras do progresso.
Assim, num instante em que a humanidade julgava-se "adulta" em face do cinema primitivo, mas também das máquinas do início do século, este filme teve a virtude de nos jogar na cara, como uma torta, o infantilismo de tais crenças. E, mais, de nos fazer rir delas.
"A Corrida do Século" é um típico produto de Blake Edwards. Pode-se rir à vontade, mas existe uma área de escape, na mente do espectador, que nunca deixa de se perguntar: será que isso tudo não é, a rigor, um tanto trágico?
(IA)

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