São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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Justiça de Israel permite a tortura

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Justiça de Israel rechaçou queixa de um árabe que disse ser torturado e autorizou o serviço de segurança do país a continuar usando métodos violentos para obter informações.
Atef Abu Sirhan, membro do grupo radical árabe Jihad (Guerra Santa) Islâmica, vive em Jerusalém e é suspeito de ser ligado a atividades terroristas. Ontem, ele completou nove dias de prisão.
O procurador do Estado que defendeu os investigadores do Shin Bet acusados de maus-tratos disse ao Tribunal Supremo de Israel que Sirhan não vem sendo torturado, mas admitiu que ele é impedido de dormir, é obrigado a ouvir música em volume muito alto e é interrogado algemado e encapuzado.
É a terceira vez em duas semanas que a Justiça israelense concede permissão às autoridades policiais para que usem métodos desse tipo para obter confissões de membros da Jihad. O uso de "pressão física moderada" é aprovado pela lei israelense, com a justificativa de que confissões possam ajudar a frustrar atentados contra israelenses.
A lei também permite ao Shin Bet vedar o acesso de seus detidos sob suspeita aos advogados por até 30 dias, período renovável.
A advogada de Sirhan, Lea Tsemel, disse que ainda não pôde entrar em contato com seu cliente. Ela argumentou que ele tem o direito de não fornecer informações.
Segundo o relato dela, Sirhan sente dores por passar muitas horas com os braços algemados para trás e se sente incomodado com o ritmo "dance" da música -ele estaria acostumado apenas a "música oriental".
Ontem, a polícia de fronteiras de Israel voltou a ser acusada de agredir palestinos. Nasser Tarabieh disse que foi agredido a coronhadas e amedrontado por um policial israelense (também de origem árabe) com dois tiros para o alto.
O incidente teria ocorrido em Sakhnin, cidade árabe no norte de Israel. O policial teria fugido quando outra pessoa se aproximou.
Cúpula
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pode se encontrar no começo da próxima semana com o líder palestino, Iasser Arafat. O palestino iria a Lisboa, onde Netanyahu vai participar como observador da reunião da OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa).
Um encontro entre os dois pode não acontecer, mas ontem houve intensas movimentações diplomáticas para marcar a cúpula.
A Rádio Israel disse que a reunião pode servir para definir a retirada das tropas israelenses da cidade de Hebron (Cisjordânia).
Pelos acordos de paz entre israelenses e palestinos, Hebron já deveria ter passado à administração árabe. Desde o governo trabalhista dos primeiros-ministros Yitzhak Rabin e Shimon Peres, entretanto, a medida vem sendo adiada.
Hebron é a única cidade da Cisjordânia que abriga colonos judeus em seu núcleo urbano. Israel diz que teme pela segurança deles.

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