São Paulo, sábado, 30 de novembro de 1996
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ONU condena croata por massacre

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O tribunal da ONU para crimes de guerra condenou ontem a dez anos de prisão o croata Drazen Erdemovic, 25, por massacre ocorrido durante a guerra na Bósnia.
O croata confessou ter participado do extermínio de mais de 1.200 muçulmanos em Pilica, uma fazenda próxima de Srebrenica (Bósnia).
Erdemovic, integrante do Exército dos sérvios da Bósnia, é a primeira pessoa a ser condenada por crime de guerra desde os julgamentos de Nurembergue (Alemanha) e de Tóquio (Japão), ocorridos depois da 2ª Guerra Mundial.
O tribunal, instalado em Haia (Holanda), foi criado pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em maio de 1993 para julgar os crimes de guerra da ex-Iugoslávia.
Massacre
Erdemovic foi preso em março deste ano em Belgrado (Sérvia) depois de declarar ao jornal francês "Le Figaro" como havia matado mais de 70 muçulmanos.
Acusado por crime contra a humanidade, Erdemovic confessou, em maio último, ter participado do esquadrão de extermínio que, em cinco horas, matou mais de 1.200 muçulmanos em Pilica. O massacre ocorreu em 16 de julho de 1995. A região, declarada zona de segurança pela ONU, havia sido capturada pelos sérvios.
Os promotores admitem que, sem as declarações espontâneas de Erdemovic, os autores do massacre de Srebrenica nunca teriam sido descobertos.
Erdemovic também testemunhou em julho último contra o líder dos sérvios da Bósnia Radovan Karadzic e o ex-chefe militar Ratko Mladic. Os dois estão sendo acusados por genocídio, mas continuam em liberdade.
A sentença
A pena máxima que pode ser estabelecida pelo tribunal é a de prisão perpétua. No caso de Erdemovic, os juízes consideraram várias atenuantes. Entre elas a baixa patente militar do croata (soldado raso), seu arrependimento e a "completa e incondicional" colaboração com os promotores.
O advogado do croata, Jovan Babic, disse que vai apelar da sentença. Segundo ele, Erdemovic foi coagido a participar do massacre.
O croata tem 30 dias para apelar.
Erdemovic está na unidade de detenção do tribunal desde que foi preso. Não deve cumprir toda a sua pena lá.
Um porta-voz do tribunal disse que várias semanas podem decorrer até que se decida em que lugar Erdemovic deve cumprir sua pena. Os países mais prováveis são Itália, Finlândia e Noruega.

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