São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996
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Aviação tem recorde de mortes em 14 anos

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de mortos em acidentes na aviação civil brasileira em 1996 já é o maior dos últimos 14 anos e o quinto maior na história, segundo dados do Ministério da Aeronáutica.
Pela primeira vez na história da aviação civil, o número de mortos superou o de acidentes.
Até 20 de novembro, últimos dados disponíveis, houve neste ano 177 vítimas fatais em 82 acidentes aeronáuticos.
Isso significa uma média de 2,16 mortos para cada acidente. O recorde histórico foi registrado em 1982, quando morreram 306 pessoas em 375 acidentes, ou 0,816 mortes por desastre.
Os números mostram que, apesar de o número de acidentes estar caindo ano a ano, o número de mortos não diminuiu na mesma porcentagem.
O coronel Douglas Ferreira Machado, diretor do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), do Ministério da Aeronáutica, afirma que o número de mortos por acidentes tem aumentado porque o porte dos aviões hoje é maior.
"Além disso, acredito que pilotos e proprietários de aviões menores têm hoje maior educação para a segurança de vôo, manutenção e procedimentos."
Uma terceira razão para as estatísticas seria o fato, segundo o coronel, de que os aviões hoje são mais resistentes.
"O número de horas de vôo está aumentando, mas os acidentes diminuem, porque os aviões são mais resistentes."
Aviação executiva
Historicamente, a aviação executiva é a que mais registra acidentes e mortes. Em 1996, porém, o número de mortos da aviação regional foi inflacionado pela queda do Fokker-100 da TAM, com 99 vítimas fatais.
Ramiro Eduardo Tojal, diretor da TAM e presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, afirma que a aviação comercial no Brasil "é uma das mais seguras no planeta".
A aviação comercial engloba as empresas que fazem vôos regulares nacionais e regionais.
"O problema é que, quando ocorre um acidente na aviação nacional, é sempre com aviões de mais de 80 assentos. Na regional, são aviões de 16, 44 ou mais assentos."
Segundo o sindicato, o número de passageiros transportados pela aviação comercial cresceu 62% desde 1980.
Naquele ano, foram transportados 13,05 milhões de pessoas, contra 21,16 milhões em 95.
Para 96, estima-se que sejam transportados 22,80 milhões de passageiros.
"A aviação comercial é responsável por 99% dos passageiros transportados no país. E tem pouquíssimos acidentes."
Fatores operacionais são 82,3% das causas que contribuem para os acidentes na aviação nacional, entre 87 e 96.

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