São Paulo, segunda-feira, 2 de dezembro de 1996 |
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China agora flerta com o antitabagismo
JAIME SPITZCOVSKY
A capital, Pequim, por exemplo, proibiu fumar em 77 mil locais públicos, como hospitais, escolas, teatros, estações rodoviárias, ferroviárias e aeroportos. Com o otimismo sempre reservado às campanhas oficiais, a imprensa chinesa comemorou em outubro "cinco meses de sucesso" da ofensiva antifumo. Disse, por exemplo, que a venda de cigarros, se comparada com junho de 1995, caiu 23% no mesmo período deste ano. Em 1995, a China consumiu 150 bilhões de cigarros, e as vendas proporcionaram ao governo uma arrecadação de 70 bilhões de iuanes (US$ 8,4 bilhões) em impostos. A imprensa chinesa chegou a dizer que, entre os locais que obtiveram mais sucesso na proibição do fumo, estão o Grande Palácio do Povo, usado pelo governo em cerimônias oficiais, e Zhongnanhai, complexo residencial e de trabalho dos dirigentes chineses. Mas Zhang Xizeng, vice-diretor do Comitê Patriótico da Campanha por Saúde Pública em Pequim, admitiu que a ofensiva iniciada em maio não teve "100% de sucesso". "Ainda há quem fume em locais públicos. E, em salas de reuniões de empresas estatais, também não se respeita a proibição", disse. Zhang apontou ainda problemas com fumantes em ônibus e trens. Modelos ocidentais Os fumantes, no entanto, encontram território livre nos restaurantes. Existe separação apenas em estabelecimentos que copiam modelos e cardápios ocidentais. Fumar carrega um importante significado social na China, sobretudo entre os homens. Oferecer cigarros é sinal de amizade, "início de um bom relacionamento". Também é comum, numa refeição, o chinês oferecer cigarro para expressar gratidão ou alegria. Em comparação com culturas ocidentais, há muita tolerância na China em relação ao fumo. Por exemplo, fumantes que entram em elevadores com cigarros acesos raramente provocam reações de pessoas ao seu redor. Estatísticas Segundo dados do ano passado do Ministério da Saúde, a China tem cerca de 300 milhões de fumantes (25% da população). Fumam 60% dos homens chineses com mais de 15 anos de idade. Antes do início da campanha antifumo, o número de fumantes da China crescia 2% ao ano. O governo quer reverter a tendência com a ofensiva que, só em Pequim, espalhou 220 mil cartazes e distribuiu 3 milhões de folhetos. Outras cidades chinesas, como Xangai, Shenyang e Wuhan, também implementaram campanhas antifumo, que dependem da aprovação de autoridades municipais. LEIA MAIS sobre o cerco aos fumantes nas páginas 6-27 e 6-28 Texto Anterior: NATAL INTERNACIONAL Próximo Texto: Multa vale um maço Índice |
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