São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996
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Tripulantes de navio ameaçam suicídio

ESTANISLAU MARIA

ESTANISLAU MARIA; MARIANA SGARIONI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Romenos estão abandonados há 6 meses no PA

Dezessete tripulantes romenos de um navio abandonado há quase seis meses na entrada do porto de Belém ameaçam se suicidar.
"Sem contato com as famílias nem dinheiro e com o fim da água potável e da comida, eles estão desesperados", disse o advogado Alberto Pereira Sampaio Costa, que deve entrar amanhã com duas ações na Justiça do Trabalho.
Os marinheiros dizem ter sido abandonados há seis meses pelo armador israelense Joshua Waldhorn e pela empresa agenciadora Olivine LTD Chip Management, com sede em Haifa, em Israel.
Os marinheiros foram contratados pelo armador por meio da agenciadora para levar embora de Belém o navio Brittany 1, comprado por Waldhorn há dois anos.
O Brittany 1, de bandeira panamenha, é o antigo Paulistano, de bandeira brasileira, que pegou fogo e foi vendido para israelenses.
Os romenos trabalhavam na recuperação do navio. Desde junho a agenciadora não fez mais contatos e Waldhorn desapareceu.
Os tripulantes romenos, que moram no Brittany 1, ficaram no navio, ancorado a 6 km do cais de Belém, no meio da baía de Guajará, formada pelo rio Guamá, afluente do Amazonas.
Costa disse que vai entrar com pedido de liminar para que os marinheiros recebam assistência, acionando o armador israelense, a agenciadora de Haifa e a embaixada da Romênia, em Brasília.
Costa disse que vai entrar também com ação trabalhista pedindo o confisco e o leilão do navio, para que sejam pagos salários, indenizações e a viagem de volta. Segundo ele, como o navio é de marinha mercante, os marinheiros estão subordinados à Justiça brasileira.
Os romenos vivem de doações dos pescadores e de artistas do circo Orlando Orfey. Nos primeiros meses, eles iam a Belém em barcos alugados. Agora, sem dinheiro, eles não podem sair do navio.
Embaixada
O embaixador da Romênia no Brasil, Ioan Bar, disse que está permanentemente em contato com o comandante do Brittany 1 e disse que desconhece a ameaça de suicídio dos 17 tripulantes.
Ele afirmou que o objetivo dos marinheiros é receber o dinheiro do armador israelense.
A embaixada teria proposto aos tripulantes que abandonassem o Brittany 1 e voltassem à Romênia. Bar disse que entrou em contato com autoridades israelenses, mas a questão só poderá ser resolvida com o cumprimento do contrato pelo próprio armador.
"Essa é uma questão de natureza civil e as embaixadas não têm como resolver o caso, já que não fazem parte do contrato."

Colaborou MARIANA SGARIONI, da Agência Folha

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