São Paulo, terça-feira, 3 de dezembro de 1996
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Davi e Golias

JUCA KFOURI

Telê Santana disse uma vez que o Campeonato Brasileiro era o mais difícil do mundo porque todos os participantes tinham condição de ser campeões.
Torcedores cobram as previsões dos jornalistas: quem ganha, Grêmio ou Goiás, Atlético-MG ou Portuguesa?
Se o velho mestre tem razão em relação a quase todos os 24 clubes que participam do Brasileiro (é fácil dizer agora que ele não teve razão pelo menos em relação ao Fluminense, ao Bragantino etc. Tudo bem. Mas o Flu já não foi campeão em 1984? O Braga já não foi vice em 1991? E o Bahia, também já não foi campeão em 1988? E o Criciúma, que ganhou uma Copa do Brasil em 1991?), quem se arrisca a palpitar quando sobram apenas quatro candidatos?
Eu não!!! Ou não basta ter arriscado que São Paulo e Inter-RS ficariam entre os oito?
Nada mais raro nos outros países do Primeiro Mundo do futebol (Alemanha, Argentina, Itália, Espanha, hoje em dia, Inglaterra, talvez) que o aparecimento de um campeão sem maior tradição, um clube que precise ser explicado para que o mundo entenda.
Por aqui, não. Se considerarmos que em 25 anos de Campeonato Brasileiro (por mais que, vale insistir, o regulamento seja mais de Copa que de campeonato e, quase certamente, por isso mesmo) já tivemos um Guarani (1978), um Coritiba (1985) e um Bahia como campeões, e, como vices, clubes do porte de um Bangu (1985), de um Guarani novamente (1986), do Bragantino e do Vitória (1993), verificaremos que a zebra passeia com mais frequência do que seria imaginável.
Razão pela qual se é óbvio apontar Grêmio e Atlético-MG como favoritos à final, até pela vantagem (?) que têm em jogar o segundo jogo em casa, nada justificaria afastar Goiás e Portuguesa, os dois times de futebol mais alegre na competição.
E não há quem não goste de ver Davi ganhando de Golias.
*
Pelo menos nos jogos transmitidos pela Rede Globo os árbitros passaram a ter um marcador implacável: a linha que mede a distância da barreira no momento da falta. E nem se trata de nenhuma "covardia" eletrônica, como os tira-teimas. Para não serem flagrados, bastará que os árbitros contem os passos certos para calcular os 9,15 m entre a bola e a barreira.
Gol de Galvão Bueno, que passou a vida inteira reclamando do descaso geral para uma regra tão simples.

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