São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Lula afirma que PT pode apoiar nome de outro partido em 98

Petista descarta criação de frente antimalufista

ROBERTO COLOSSO
DA FT

O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, admite a possibilidade de o partido apoiar candidato de outra legenda na eleição presidencial de 98.
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FT - Qual o projeto do PT para as próximas eleições?
Luiz Inácio Lula da Silva - Precisamos estabelecer cinco ou seis pontos capazes de unificar um grande leque de personalidades políticas, sindicais, acadêmicas, artísticas. A questão do desemprego e a retomada do desenvolvimento vão ser os temas principais. Vamos continuar falando da reforma agrária e da política de juros.
FT - Existe a possibilidade de o PT apoiar um candidato de outro partido à Presidência?
Lula - Esse é o desafio para o PT. Estou cumprindo com a minha parte: digo ao partido que eles não têm nenhuma obrigação de carregar meu nome como candidato a presidente da República; me contentarei em ser cabo eleitoral de um candidato capaz de cumprir um projeto que unifique, não só o PT, mas outras forças políticas.
FT - Quais são as possibilidades do PT em 98?
Lula - Digo, sem medo de errar, que o pior para nós era que o Maluf se dispusesse a ser governador do Estado e apoiasse o FHC em nível nacional. Quanto mais eles forem candidatos, ótimo. O duro é se todos eles se juntarem contra nós.
FT - Como o sr. vê a possibilidade da criação de uma frente anti-malufista?
Lula - Isso só interessa ao FHC e ao Maluf. Não me disponho a participar dessa frente e acho que o PT não deve participar. Não acho que só o Maluf é de direita. O FHC está comprometido até os dentes com a direita deste país. Interessa ao FHC a idéia de criar uma frente antimalufista porque ele então pode vender a postura do candidato de centro-esquerda.
FT - Você é contra a reeleição?
Lula - Sou favorável, se for discutida no momento certo, sem utilizar a máquina para fazer fisiologismo político.
FT - Se a reeleição for aprovada, FHC é invencível?
Lula - Ele será mais vulnerável do que em 94.
FT - O sr. acha que sua eventual candidatura em 98 está inviabilizada depois da revelação de que recebe aposentadoria especial?
Lula - A tese é equivocada. A aposentadoria é paga pela União, tal como está previsto na Constituição. Além disso, só falo com a Folha sobre isso quando ela publicar a aposentadoria de todos os anistiados. Não só do movimento sindical, mas do presidente Fernando Henrique Cardoso, de todos os outros. Ele também recebe aposentadoria de anistiado, ele foi cassado. E defendo que receba.
FT - O que o sr. tem interesse em fazer?
Lula - Durante oito anos, acreditei cegamente que era possível mudar a história desse país. Não tenho interesse em ser deputado federal, deputado estadual, prefeito ou governador. Queria ser presidente da República. Agora vou ser o que o partido quiser que eu seja.

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