São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Tudo pode acontecer hoje à tarde no Mineirão

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Foi assim (e assim poderá ser de novo): uma escapada de Rodrigo pela esquerda, o cruzamento, gol de Alex. Mas, também, pode-se trocar de lado e de personagem: Euller escapa pela direita, cruza e Renaldo confere.
Quero dizer é que Portuguesa e Atlético, até agora, estão ali, ó, "parejos" como dizem os argentinos. E que tudo pode acontecer hoje no Mineirão.
Disse o óbvio? Disse, e vou ainda mais redundar: o único que está sobrando entre os quatro semifinalistas do campeonato é o Grêmio, time forjado a ferro e fogo para disputas desse tipo. O resto é moedinha girando solta no ar.
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Walter Silva, o Pica-Pau, como seu êmulo do desenho animado, fica picotando na minha secretária-eletrônica, dia sim, outro também, cobrando minha desmemória em relação a Barchetta; Dener; seu xará lateral-esquerdo que morreu em campo com a gloriosa camisa rubro-negra, numa trágica tarde de domingo dos anos 50; Pontoni e Fausto, a Maravilha Negra, quando prestei singela e breve homenagem à Lusa das quatro últimas décadas. Barchetta é anterior a isso, assim como o seria Fausto, caso soubesse que jogou pela Lusa. Se jogou, não está em sua biografia na bíblia "Gigantes do Futebol", de João Máximo e Marcos de Castro.
Quanto a Pontoni, meia argentino, um craque, teve tão rápida passagem pela Portuguesa que incluí-lo naquela minha seleção seria uma leviandade.
Dener, sim, mereceria um lugar, assim como Pinga. Portanto, na esperança de silenciar esse pica-pau, anuncio desde já a troca de Ipojucã e Ivair por Dener e Pinga.
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Como protesta o velho samba da Portela, assim também já é demais: não satisfeito em trocar os nomes dos golpes no microfone enquanto os lutadores trocam golpes no ringue, o excelente narrador Milton Rodrigues Leite, na TVA, outro dia, deu uma ligeira aula de equívocos. Resumiu o repertório do boxe a jabs, diretos, upper-cuts e ganchos(?). E foi aqui que se enganchou. Gancho é a tradução literal de "hook" (basta lembrar do Capitão Gancho ou Hook, das historinhas do Peter Pan), um soquinho curto, de baixo pra cima, em forma de anzol, na região do fígado, se disparado com a esquerda, ou no baço, se com a direita.
O que os jovens narradores de boxe na TV resolveram chamar de gancho é o velho cruzado, ou "cross", em inglês. E o cruzado mais aberto é o suingue, assim denominado porque sua execução é acompanhada de um gingado típico do estilo de música e dança que fizeram a época das Big Bands, nos 40. Os reis do suingue foram Ray "Sugar" Robinson e Archie Moore.
Por fim, há o "bolo-punch" ou manivela, difundido pelo cubano Kid Gavilan e a que o nosso Galo de Ouro, Éder Jofre, vez por outra, recorria, para desespero de seu pai Kid. É uma pirotecnia, mais de efeito psicológico, em que o braço faz o movimento circular de uma manivela sendo acionada e que culmina, geralmente, no peito do adversário.
Pô, gente, vamos dar o nome certo aos bois. Senão, eu conto pro Pica-Pau.

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