São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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'Virada' faz Rio 2004 correr pelo mundo

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Uma missão do Comitê Rio 2004 começa neste final de semana uma virada estratégica da campanha carioca, que prioriza agora apoios no exterior.
Um grupo de seis pessoas, liderado pelo presidente do comitê, Ronaldo Cezar Coelho, fará "lobby" pelo Rio no encontro dos comitês olímpicos nacionais da Ásia, em Bancoc (Tailândia).
Nenhuma das 11 cidades candidatas para abrigar os Jogos de 2004 pertence ao continente asiático.
Além do Rio, são candidatas Roma (Itália), Atenas (Grécia), Buenos Aires (Argentina), Estocolmo (Suécia), Cidade do Cabo (África do Sul), Lille (França), Istambul (Turquia), San Juan (Porto Rico), Sevilha (Espanha) e São Petersburgo (Rússia).
Até agora, o Rio concentrou a campanha no "front" interno, em busca de popularidade para impressionar a comissão do COI (Comitê Olímpico Internacional) que visitou a cidade em novembro.
Agora, a organização parte para impressionar os 14 eleitores do COI que, em março próximo, escolherão as quatro ou cinco cidades finalistas. A sede dos Jogos de 2004 será definida em setembro do ano que vem, pelos 113 participantes -número ainda não definitivo- da 106ª sessão do COI.
Novo rumo
A inflexão da campanha, dirigida para ações no exterior, passa a unir os pontos de vista do presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, e Ronaldo Cezar Coelho.
Em conversas privadas, Nuzman vinha criticando a orientação do Rio 2004. Ele considerava a política "internista" pouco útil, já que o único brasileiro entre os 113 eleitores do COI, João Havelange, já é votante declarado do Rio.
Cezar Coelho apostava na mobilização local para obter repercussão internacional, o que acabou ocorrendo.
Dois exemplos: o diário norte-americano "Washington Post", um dos mais importantes do país, publicou no dia 1º reportagem simpática à candidatura carioca.
"O aspecto social tornou-se um trunfo que distingue o Rio de Roma, Atenas, Estocolmo, Cidade do Cabo, Buenos Aires e o resto das candidatas", escreveu o jornal.
O jornal italiano "Corriere della Sera" considerou "brilhante" a idéia do Rio de unir a campanha olímpica com objetivos de desenvolvimento social.
O Rio 2004 vai divulgar mundialmente dois exemplos do que aponta como robustez do mercado esportivo brasileiro.
O primeiro é o acordo da Confederação Brasileira de Futebol com a Nike, empresa que pagará entre US$ 200 milhões e US$ 220 milhões à entidade em dez anos, no total, além de investir cerca de US$ 180 milhões em promoções.
A outra iniciativa é a privatização da gestão do Maracanã, num contrato de 30 anos. Já há pelo menos um forte consórcio disposto a gastar US$ 60 milhões nos três primeiros anos de administração.
Outro investimento será cultural: os cariocas vão distribuir pelo mundo cópias do videoclipe em que dezenas de artistas cantam "Aquele Abraço", clássico de Gilberto Gil que exalta o Rio.
O mais importante para o Rio 2004 foi a participação do ministro dos Esportes, Pelé, na gravação. Ele é apontado como o principal garoto-propaganda da campanha.
O empenho do comitê para arrecadar 100 mil cestas de alimentos na campanha Natal Sem Fome será alardeado como comprovação de que a união de esporte e metas de melhoria social não é demagogia.

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