São Paulo, domingo, 8 de dezembro de 1996
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Com US$ 7.300 só dá para comprar 'popular' de 94

Preço de carros com motor de 1.000 cc subiu 37% em três anos

HENRIQUE SKUJIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é novidade dizer que o carro "popular" não custa mais os US$ 7.300 estipulados no acordo entre governo e montadoras em abril de 93. Hoje é preciso no mínimo R$ 10 mil -caso do Fiat Mille- para comprar um "popular" 0 km, ou seja, 37% mais caro que em 93.
Os US$ 7.300, suficientes para adquirir um "popular" 0 km em 93, hoje só comprariam um carro com dois anos de uso, como um Gol 1.000 ou um Ford Hobby fabricados em 94. Com menos que esse valor, só carros de ano 93.
Esse fenômeno aconteceu porque as montadoras descaracterizaram o carro "popular" e por causa do aumento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
O imposto foi reduzido de 8% para 0,1% no acordo entre governo e montadoras, mas voltou aos 8% em fevereiro de 95.
Pé-de-boi
As primeiras versões dos "populares" eram "pé-de-boi": não ofereciam equipamentos como direção hidráulica e acionamento elétrico dos vidros e das travas.
Fiat, Ford, GM e VW aproveitaram a redução do IPI e a alta demanda pelos "populares" e aumentaram o preço dos veículos.
Todos os "populares" podem vir equipados com direção hidráulica e ar-condicionado. Para o Palio, há ainda a opção de airbag (bolsa de ar que infla em colisões). Completo, custa quase R$ 20 mil.
As montadoras alegam que a colocação de equipamentos foi um pedido do consumidor.
O diretor da concessionária Nova Geração (VW), Maier Gilbert, também afirma que a montadora procura adequar o carro ao gosto do consumidor. Mas garante que muitos equipamentos atrapalham a venda. "Nessa faixa de mercado, a maioria dos consumidores quer preço", diz Gilbert.
Eufrásio Pereira Jr., superintendente da Eufrásio (Ford), alega que não dá para comparar a tecnologia de um Hobby com a de um Fiesta. Além disso, Eufrásio garante que, mesmo custando mais de R$ 10 mil, há falta de Fiesta básico. "Imagine se custasse menos".
Por um lado, o fenômeno prova que a indústria automobilística evoluiu e que o comprador ficou mais exigente, preferindo carros de melhor qualidade. Por outro, o consumidor de menor poder aquisitivo perdeu sua força de compra: em cinco anos, comprar um carro 0 km ficou 37% mais difícil.

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