São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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Brasileiro de menor renda vai ao exterior

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Passar férias no México, Estados Unidos, França ou Inglaterra não é mais privilégio das classes A e B.
A ampliação nos prazos de pagamento das agências de viagens leva cada vez mais brasileiros de menor poder aquisitivo para fora do país.
Esse turista de "primeira viagem"ao exterior é aquele que antes do Real fazia excursões esporádicas pelo Brasil, na maior parte das vezes de ônibus.
Hoje, ele vai a Londres, por exemplo, porque pode pagar prestações mensais de R$ 106,00, a mesma que desembolsaria para a aquisição de um freezer. Os juros são, em média, de 4% a 5%.
"Agora, quem ganha R$ 1.200 tem condições de fazer essa viagem", diz Vitório Jerônimo", diretor-regional da operadora CVC.
Para esse novo viajante, o que importa mesmo é se o valor da prestação cabe no seu orçamento.
Tanto que, depois que os prazos se estenderam, chegou a dobrar o número de clientes de agências de turismo que vai pela primeira vez ao exterior.
A CVC quase triplicou em 96 o número de pacotes vendidos para a Flórida (Miami e Orlando, nos EUA). São 20 mil até o momento. Em 95, ficou abaixo de 8.000.
Mais da metade dos 7.000 lugares em vôos para os EUA e Caribe que a operadora dispõe por mês para o período de alta temporada (dezembro a fevereiro) será ocupado por turistas que vão pela primeira vez ao exterior, diz Jerônimo.
As outras destinações mais procurados pelos novos turistas são Cancún (México) e Ilha Margarida (Caribe), segundo as operadoras. É o caso de Sidmar Pires de Oliveira, funcionário público, que irá a Cancún no início de janeiro.
Estabilidade econômica
Há outros fatores que contribuíram para o aumento no número de pessoas que comparece aos aeroportos com seu primeiro passaporte, tirado recentemente.
Elas puderam se beneficiar da estabilidade econômica e da valorização da moeda brasileira em relação ao dólar. Há ainda o deslumbramento com os importados: viajar ao exterior dá status.
Os preços das passagens nacionais, proporcionalmente mais altos, também influenciam no momento da escolha do roteiro.
Para a operadora Advance, cresceu em 30% o número de novos turistas que vão ao exterior em 96.
"Surgiu uma clientela nova. A maior parte é de pessoas que nunca viajou ou foi, no máximo, para Porto Seguro", diz Fernando Tassinari, gerente de marketing.
Os clientes da Advance costumam pagar em dez ou 12 vezes, com juros de 5% ao mês.
Já na Agaxtur, somente 10% dos pagamentos são feitos em mais de cinco prestações.
A operadora registra aumento de 45% nas vendas de pacotes para os países do Cone Sul e de 25% para a Flórida em 96, informa Jarbas Côrrea Júnior, diretor de vendas.
A tendência é que os novos turistas retornem ao exterior no ano seguinte, acreditam as operadoras.
"Há mais pessoas viajando para roteiros tradicionais. Os que foram em 95 ou em 96 vão procurar novas destinações", diz Jerônimo.

LEIA MAIS sobre os novos turistas à pág. 2-14

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