São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996 |
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Prêmio deve ajudar causa de Timor Ramos-Horta quer apoio do Brasil RUI NOGUEIRA
Em Oslo, o diplomata José Ramos-Horta, 47 anos no próximo dia 26, e o bispo Ximenes Belo, 48, ambos timorenses, recebem o Prêmio Nobel da Paz. Itamar Franco, embaixador brasileiro na OEA (Organização dos Estados Americanos) e amigo de Ramos-Horta, estará na capital norueguesa para representar o governo brasileiro. Enquanto o bispo concentra a sua ação de líder espiritual na ilha, Ramos-Horta tem sido o "chanceler" da causa mundo afora -o "rosto da resistência diplomática", como é chamado. Irritado com o prêmio, o Ministério das Relações Exteriores da Indonésia o chama de "manipulador esperto a serviço da política neocolonialista de Portugal". Timor Leste nunca foi da Indonésia e nem mesmo da outra potência colonizadora da região, a Holanda. Em viagem ao exterior, quando da invasão, Ramos-Horta nunca mais pôde voltar ao país. Morou, inicialmente, em Washington -era o representante do movimento pela independência junto à ONU-, passou algum tempo em Londres e Portugal e vive agora em Sydney, na Austrália. Até novembro, faltava em seu currículo uma boa investida sobre o Brasil. No mês passado, por cinco dias, passou por Brasília, Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Foi recebido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, pediu ao governo que não reduzisse a questão de Timor ao fato de ser um país de língua portuguesa e convenceu o presidente a ser um "embaixador discreto" da causa. Social-democrata O mais jovem diplomata a falar em 1974 no plenário do Conselho de Segurança da ONU -tinha 25 anos- é hoje um senhor. Militante de uma causa revolucionária, ele decepciona quem espera encontrar um marxista à moda antiga, daqueles que investiam na produção de mártires e faziam da luta armada uma profissão de fé. No movimento pró-Timor existe tudo isso e Ramos-Horta convive com todos. Mas o chanceler da independência que durou apenas nove dias é um social-democrata que tem simpatia pela monarquia. Foi o fundador da ASDT (Associação Social-Democrática de Timor Leste), hoje integrada à Fretilin (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente). Ramos-Horta dedica, até por formação cultural, uma atenção especial à Igreja Católica, a grande aliada da resistência -à revelia do regime indonésio, escolas católicas ainda ensinam português. Apesar dessa aliança, a política externa do Vaticano condena a tortura e violência, mas lava as mãos quanto à invasão de Timor. Horta não poupa críticas à Nunciatura do Vaticano em Jacarta. Texto Anterior: Piora estado de saúde de Madre Teresa; Di Pietro diz que busca em sua casa foi 'piada'; Taleban intercepta avião da ONU; Polícia colombiana impede atentado; Briga em mina mata 37 na África do Sul; Presidente lidera apuração em Gana Próximo Texto: Timor Leste teve apenas nove dias de independência Índice |
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