São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Dornelles recusa abertura total nas teles

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

A delegação brasileira foi chamada ontem pela norte-americana, juntamente com cerca de 30 outros países, para aderir ao que a chefe da missão dos EUA, Charlene Barshefsky, chamou de "massa crítica de ofertas de alta qualidade" para abrir o mercado de telecomunicações.
Não funcionou: "Não é assunto para ser discutido ainda", diz o ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo, Francisco Dornelles, que representou o Brasil no encontro.
A razão pela qual não interessa ao governo brasileiro discutir o tema agora é simples: mesmo que todos os demais países do mundo abrissem seu mercados, o Brasil não teria acesso a eles, porque virtualmente inexiste nessa área.
Logo, nada teria a ganhar.
Retruca a chefe da delegação norte-americana, Charlene Barshefsky: "Telecomunicações é uma área única porque não envolve exportações e importações. É, como disse um dos presentes à reunião, um aperto de mão, que beneficia economias desenvolvidas e em desenvolvimento da mesma maneira".
Custos
Reforça Reed Hundt, presidente da FCC (a agência independente de telecomunicações dos EUA): "O mundo gasta mais em telecomunicações do que em petróleo, em grande parte por culpa dos altos preços cobrados pelos serviços, em decorrência dos monopólios".
Um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que reúne os 29 países supostamente mais industrializados do mundo) dá razão a Hundt.
Diz que, nos países da OCDE em que há competição nas telecomunicações, o preço médio de um conjunto de serviços telefônicos destinado a usuários empresariais decresceu, na média, 9% entre 90 e 94. E diminuiu apenas 3% nos países em que há monopólio.
A pressão norte-americana pela conclusão rápida de um acordo nessa área é fácil de explicar: 50% da receita mundial de telefonia é gerada nos EUA.
O país quer, agora, direito de acesso à metade restante, um mercado avaliado pela OMC em US$ 513 bilhões, quase 3/4 de toda a riqueza que o Brasil produz por ano (o seu PIB, Produto Interno Bruto).

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