São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Morre a caçadora de fósseis Mary Leakey

DA REPORTAGEM LOCAL; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A paleoantropóloga Mary Leakey morreu ontem aos 83 anos, em Nairóbi (Quênia).
Leakey era a matriarca de uma família de paleoantropólogos que durante quarenta anos fez algumas das mais importantes descobertas e interpretações de fósseis de ancestrais humanos.
Em 1978, Mary fez sua descoberta mais importante, em Laetoli, na Tanzânia. Eram as pegadas petrificadas em cinza vulcânica de um grupo de hominídeos Australopithecus afarensis (de 3,6 milhões de anos), animais que antecederam o homem, uma prova de que essa espécie já andava de maneira ereta.
Mary e seu marido Louis Leakey (1903-1972) descobriram fósseis que ajudaram a sustentar a teoria, pouco respeitada na época, de que o homem surgiu na África e era mais antigo do que se pensava.
"Nos anos 50 e 60 Louis ficou mais famoso, provavelmente por causa do machismo da época. Mas a pesquisa de Mary era fundamental", disse ontem o paleoantrópologo Richard Leakey, filho do casal e um dos mais importantes pesquisadores da área.
Na "Enciclopédia Britânica" Mary não tem verbete próprio. Ganhou sete linhas no do marido.
Mary nasceu em Londres e viveu no Quênia desde que se casou com Louis (1936). Não teve educação primária formal, pois seu pai era um artista itinerante. Foi expulsa do primeiro colégio que frequentou, um internato religioso, por explodir o laboratório de química.
Aos 20 anos já escavava na Inglaterra, o que a levou a conhecer seu futuro marido e a namorá-lo, apesar de Louis ser casado.
Gostava de charutos cubanos, de uísque de malte puro e de viver no campo. Teve três filhos.
Escreveu uma autobiografia, onde lamenta o mau gosto do marido para escolher amantes, além de "Background to Evolution of Man in Africa, After the Australopithecines" e "Olduvai Gorge", entre outros livros.

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