São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 1996
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OS CONTRA E OS A FAVOR

A discussão sobre a possibilidade de reeleição para os chefes do Executivo nas esferas municipal, estadual e federal ainda deve provocar várias surpresas ao longo dos próximos meses. Provavelmente, tais situações inusitadas não pouparão nenhum dos lados interessados no tema: os que são contra e os que são a favor.
A própria definição do que é ser contra ou a favor tem hoje nova configuração. O direito de disputar um segundo mandato ao fim do primeiro tem aceitação quase total, transferindo a discórdia para um aspecto menor: estender ou não esse direito aos atuais governantes.
Praticamente não há nomes de projeção nacional contrários ao direito à reeleição. Todos consideram justo, em tese, que um governante, ao final do seu primeiro mandato, se submeta a um novo pleito que decidirá se ele deve ou não continuar no poder por mais quatro anos.
Mas a possível participação de FHC na eleição de 98 ganhou contornos tão significativos que se tornou a única questão relevante, a ponto de unir, surpreendentemente, nomes de expressão do PT, do PPB e do PSDB, o próprio partido do presidente.
O vereador malufista Miguel Colasuonno, o petista Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro tucano Ciro Gomes estiveram juntos em um ato contra a reeleição para FHC. Todos com interesses no próximo pleito, concentrando esforços para combater a possibilidade de o presidente da República disputar novo mandato em 98, com a discutível argumentação de que não se podem alterar regras no meio do jogo.
Da parte do governo federal, o âmago da tese também tem sido esquecido. O trabalho dos partidários do presidente visa basicamente o proveito mais imediato que o princípio em questão pode representar: garantir um segundo mandato a FHC.
Tal quadro é formado não por ideologias, mas por objetivos práticos. O direito -é bom lembrar, legítimo- de qualquer governante de disputar um segundo mandato, numa eleição que julgará o resultado de seu trabalho, parece estar sendo mesmo maculado por casuísmos tanto dos que são contra como dos que são a favor.

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